A Justiça do RJ absolveu na quarta-feira (9) o violoncelista Luiz Carlos Justino. Ele foi preso em setembro do ano passado por um assalto à mão armada que nunca cometeu, em 2017.
“Só quero chegar em casa e respirar. Não tô nem acreditando que esse sonho se passou, acabou esse pesadelo na minha vida”, disse o músico após ser inocentado.
O jovem, de 24 anos, morador da comunidade da Grota, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, foi apontado pela vítima, que viu a foto dele no álbum de suspeitos de uma delegacia da cidade.
Sem nenhuma outra prova, o violoncelista, que não tinha nenhuma passagem pela polícia, ficou cinco dias preso.
Familiares e amigos começaram então uma campanha para provar que Luiz era inocente.
“O juiz se convenceu no sentido de que a prova da autoria dele era absolutamente fraca e inexistente. (…) E ele foi absolvido sumariamente”, explicou a advogada de defesa de Luiz, Maria Clara Mendonça.
Relembre o caso
Segundo a polícia, havia um mandado de prisão em aberto contra o músico, por assalto à mão armada. O crime pelo qual Luiz Carlos foi acusado aconteceu na manhã de 5 de novembro de 2017, um domingo.
No entanto, parentes e pessoas que trabalhavam com o músico contestam a versão de que Luiz Carlos tenha participado do assalto. Argumentam que, na época, ele tinha contrato fixo com uma padaria, onde tocava violoncelo – e as apresentações aconteciam sempre aos domingos pela manhã.
Segundo o processo, o crime aconteceu na Vila Progresso, que fica a 7 km da padaria na qual, segundo as testemunhas, o músico tocava.
Músico entrou para orquestra aos seis anos
Luiz Carlos é o segundo filho de uma família de seis irmãos. Tomou gosto pela música aos 6 anos de idade, quando entrou para a Orquestra de Cordas da Grota. O coordenador e antigo maestro o acompanhou desde os primeiros passos.
“Ele sempre estudou e sempre estava tocando lá, e sempre participou, desde as orquestras iniciantes, e hoje ele está na orquestra principal”, explicou o maestro Márcio Paes Selles.
Ainda criança, ele chegou a aparecer em uma reportagem e uma TV da Alemanha, que mostrava as crianças do projeto social.
O que diz a polícia
A Polícia Civil esclareceu que o erro aconteceu na gestão anterior, e que a atual gestão recomendou que os delegados não usem apenas o reconhecimento fotográfico como única prova em inquéritos policiais para pedir a prisão de suspeitos.