Doze policiais militares que participaram da ação no Complexo do Lins na terça-feira (8), em que a Kathlen Romeu foi atingida e morta, foram afastados das ruas.
A Delegacia de Homicídios da Capital, que investiga o caso, informou que em paralelo às investigações da Polícia Civil, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) instaurou um “procedimento apuratório”.
A Corregedoria da PM também está investigando o caso. A família de Kathlen foi convidada a prestar depoimento. Na manhã desta sexta (11), um representante da Corregedoria esteve na Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca.
Os policiais alegam terem dado sete tiros de fuzil durante a ação. Em depoimento, o cabo Marcos Felipe da Silva Salviano disse que se deparou com quatro criminosos num local de venda de drogas. Todos estavam armados, sendo um deles de fuzil.
Segundo o militar, eles teriam fugido atirando quando viram os policiais. O cabo disse que revidou e que fez cinco disparos de fuzil em direção aos bandidos. Durante todo o tempo em que esteve na comunidade, Salviano disse que não viu Kathlen.
O cabo falou também que seu companheiro de guarnição, o cabo Frias, atirou duas vezes de fuzil contra os criminosos. Dos 12 PMs envolvidos na ação, nove já prestaram depoimento.
Ao todo, 21 armas de policiais foram apreendidas.
O namorado de Kathlen Romeu, o tatuador Marcelo Ramos Silva, prestou depoimento nesta sexta à Divisão de Homicídios.
Na saída da delegacia, ele pediu Justiça e punição para os envolvidos. Kathlen estava grávida de quatro meses.
Família e polícia têm versões diferentes
De acordo com a mãe da jovem, que estava grávida, sua filha foi morta por um policial militar.
“Se a minha filha fosse morta por bandido eu não falaria nada com vocês porque eu sei que eu moro em um lugar que eu não poderia falar. Então ficaria na minha. Mas não foi. Foi a polícia que matou a minha filha. Foi a PM que tirou a minha vida, o meu sonho”, disse Jaqueline de Oliveira Lopes.
A polícia nega. De acordo com a versão dos militares, uma guarnição da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) com quatro PMs foi atacada por bandidos e revidou.
A jovem estava em um dos acessos à comunidade, de onde tinha se mudado há um mês por medo da violência, quando começaram os disparos. Ela ia visitar a avó materna, Sayonara Fátima.
As informações constam em dados da ocorrência da própria PM e no depoimento na delegacia. De acordo com reportagem do “O Globo”, a munição foi recolhida do local onde Kathlen foi morta, e nenhum vestígio foi encontrado.
As cápsulas apresentadas na delegacia estavam intactas.