Pesquisa da UFPel e Harvard aponta que vacinação evitou morte de 43 mil idosos por Covid no Brasil

Os óbitos em razão do coronavírus caíram quase pela metade. Sem vacinação, país teria mais de 500 mil vítimas da doença, afirma epidemiologista.

Idosa vacinada contra a Covid-19 em Porto Alegre — Foto: Alex Rocha/PMPA/Divulgação

Um estudo aponta tendência de queda proporcional de mortalidade em idosos com mais de 70 anos com o avançar da vacinação contra a Covid-19 no Brasil. Segundo pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Sul do Rio Grande do Sul, e da Universidade Harvard, dos Estados Unidos, a imunização evitou a morte de 43.082 pessoas pela doença em 2021 no país.

Os resultados mostram que a proporção de idosos entre o total de óbitos por coronavírus caiu de quase 28%, em janeiro, para 12% (entre quem tem mais de 80 anos) e 16% (entre quem tem de 70 a 79 anos) em maio. As mortes por outras causas permaneceram estáveis no período.

Para o coordenador do estudo, o epidemiologista Cesar Victora, da UFPel, o Brasil já teria ultrapassado o número de 500 mil mortes de Covid-19 sem a vacinação.

“Nós estamos chegando a 480 mil mortes. Se não fosse a vacina, seriam 530 ou 540 mil”, disse.

Também assinam o estudo os pesquisadores Marcia Castro e Susie Gurzenda, de Harvard, Arnaldo Correia de Medeiros e Giovanny França, do Ministério da Saúde, e Aluisio Barros, da UFPel.

Eficácia
Para os pesquisadores, os resultados fornecem evidências da efetividade das vacinas CoronaVac e AstraZeneca/Oxford, as primeiras a serem administradas contra a Covid no país. Os imunizantes também são eficazes contra a circulação da cepa P.1, conhecida como variante brasileira do vírus, afirmam.

De acordo com o trabalho, 99% da população com mais de 80 anos já recebeu, ao menos, a primeira dose da vacina. Entre os maiores de 70, o índice é de 94%.

Um estudo semelhante feito entre fevereiro e abril apontou que 13,8 mil mortes entre maiores de 80 anos foram evitadas com a vacinação.

Ainda assim, Victora comenta que, mesmo com a vacinação, algumas mortes podem ocorrer. “Nenhuma vacina é 100% efetiva. O que interessa é se, em uma grande população como a brasileira, ela consegue reduzir a mortalidade. E ela conseguiu”, avalia.

Demais grupos
O epidemiologista afirma que deve ocorrer uma redução no número de óbitos entre menores de 60 anos, conforme a vacinação avance.

“Eu não tenho nenhuma dúvida de que vai acontecer [a redução de mortes]. Daqui a um ou dois meses, nós vamos atualizar o estudo e vamos ver que não foram 43 mil vidas salvas, mas que foram 80 mil ou 100 mil”, projeta.

Cesar Victora ressalta que o dado atual é uma subestimativa, pois não considerou profissionais de saúde, indígenas, pessoas de 60 a 69 anos e demais vacinados.

Atualmente, o Brasil tem 28,51% da população com a primeira dose aplicada, de acordo com dados do consórcio de veículos de imprensa atualizados na noite de quinta-feira (17).

No Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual da Saúde contabiliza 35,8% da população vacinada com a primeira dose.

Entre os idosos com mais de 70 anos, público analisado na pesquisa, o RS vacinou 818,2 mil com a primeira dose e 741,8 mil com a segunda dose. Os números foram atualizados na noite de quinta.

 

Fonte: G1

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