O deputado federal Daniel Silveira, preso novamente nesta quinta-feira (24), no Rio de Janeiro, teve, ao menos, 30 violações ao uso de tornozeleira eletrônica, segundo apontou a Procuradoria-Geral da República. São elas:
- 4 relacionadas ao rompimento da cinta/lacre;
- 22 por falta de bateria;
- 5 referentes à área de inclusão (área onde ele estava autorizado a circular).
“Conforme apontou a Procuradoria-Geral da República, os relatórios de monitoramento eletrônico de DANIEL SILVEIRA, notadamente no período de 5/4/2021 a 24/5/2021, apresentaram mais de 30 violações, relacionadas à carga do dispositivo de monitoramento, à área de inclusão, e ao rompimento da cinta/lacre”, cita a nova decisão do STF.
A informação da prisão foi antecipada pelo colunista Valdo Cruz, da GloboNews.
Silveira já havia sido preso em fevereiro por ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e desde março cumpria prisão domiciliar com medidas cautelares, entre elas, a obrigatoriedade de usar o equipamento.
Outra medida que imposta pelo STF e que também foi descumprida, por mais de uma vez e sem justificativa, era a visita regular à central para acompanhamento e manutenção do equipamento.
O deputado, segundo a PGR, ainda tentou justificar algumas violações.
“Da análise dos esclarecimentos que acompanharam os relatórios, nota-se que as razões apresentadas pelo requerido são no mínimo incompatíveis com as medidas estabelecidas. A prática de atividades físicas que ofereçam risco à integridade do equipamento é uma delas“.
Confira abaixo um resumo de algumas violações citadas pelo STF:
- em 30/4/2021, violação de fim de bateria, por mais de 5 horas;
- em 1º/5/2021, violação de fim de bateria, por mais de 1 dia e 19 horas;
- em 3/5/2021, violação de fim de bateria, por mais de 16 horas;
- em 4/5/2021, violação de rompimento da cinta, por mais de 1 dia e 16 horas;
- em 12/5/2021, violação de rompimento da cinta;
- em 12/5/2021, violação de fim de bateria, por mais de 13 horas;
- em 20/5/2021, violação de fim de bateria, por mais de 4 horas;
- em 12.06.21, o sistema de acompanhamento de monitoração acionou o alarme de violação informando que o mecanismo eletrônico perdeu conexão com a central de controle em virtude de término da carga de energia armazenada na bateria – esta violação foi por mais de 3 horas;
- em 16.06.21, o deputado recebeu um telefonema para agendar inspeção no equipamento, mas relatou que estava usando uma bota ortopédica e não poderia comparecer ao local. Recebeu então a orientação de justificar à Justiça a impossibilidade de locomoção;
- em 17.06.21, o sistema de acompanhamento de monitoração acionou o alarme de violação informando que o mecanismo eletrônico perdeu conexão com a central de controle em virtude de térmico da carga de energia armazenada na bateria.
Por volta das 16h, Daniel Silveira foi levado para o Instituto Médico Legal (IML), de acordo com a GloboNews. O deputado ficará preso novamente no Batalhão Especial Prisional da Polícia Militar do Rio, em Niterói, onde ficou da primeira vez que foi detido.
A defesa do deputado disse que Daniel Silveira é um “preso político”. “Seu caso já passou da hora de ser tratado nos organismos internacionais de defesa aos direitos humanos. Ele é um preso político e assim deve ser tratado”, diz a nota do advogado André Rios.
A primeira prisão
O deputado foi preso em fevereiro em razão de um vídeo em que fez apologia ao AI-5, instrumento de repressão mais duro da ditadura militar, e pediu a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Daniel Silveira também é alvo de processo disciplinar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que pode levar à cassação do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) em razão do vídeo.
O processo que tramita no Conselho é baseado em sete representações diferentes.
Uma dessas representações foi apresentada pela Mesa Diretora da Câmara, encabeçada pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Outras seis, de autoria dos partidos PSOL, PT, PSB, PDT, PCdoB, Rede e Podemos, foram unificadas à representação da Mesa, já que tratam do mesmo assunto.