A instalação de um mastro com a bandeira do Brasil gerou polêmica entre moradores de um condomínio no Distrito Federal. A bandeira foi colocada na entrada do residencial Vivendas Bela Vista, no dia 2 de junho, por decisão de um grupo de 30 moradores.
O condomínio, no Grande Colorado, região administrativa de Sobradinho, tem 724 casas. Parte dos moradores considerou uma iniciativa de apoio ao presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), e fez um abaixo-assinado pedindo que a bandeira fosse retirada.
No entanto, a instalação foi autorizada pelo governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Administração Regional de Sobradinho-II, a quem compete disciplinar a ocupação de área pública de uso comum. A justificativa é que o mastro foi colocado fora da área cercada, em uma rotatória de retorno localizada na Avenida São Francisco, ao final da rodovia DF-150.
A ideia de hastear a bandeira de 1,80 metros por 2,56 metros em um mastro de 12 metros foi do general reformado, Haroldo Assad Carneiro, que mora no condomínio. De acordo com o general, o início do projeto contou com o apoio da administração do condomínio.
“Quando o alicerce ficou pronto, um pequeno grupo de condôminos entregou um abaixo-assinado à administração do condomínio, exigindo que o mastro não fosse colocado”, diz o militar.
Guerras de Faixas
Com o descontentamento de parte dos moradores, o síndico do residencial interveio para suspender a instalação da bandeira, até que o impasse fosse resolvido. “Seguindo as vias da legalidade, obtivemos as autorizações das autoridades governamentais competentes”, conta o general Haroldo.
De acordo com o general, “a instalação foi idealizada, organizada e custeada mediante um rateio dos mencionados trinta moradores, que se cotizaram para tal, não havendo qualquer ônus financeiro para a União, nem para o DF e nem para o condomínio”.
Em protesto, moradores contrários a permanência da bandeira instalaram faixas no condomínio. Em uma delas é possível ler: “Nossa bandeira não pode ser usada como símbolo do genocida Jair Bolsonaro e seus milicos de pijama, responsáveis pela tragédia que já matou mais de 460 mil brasileiros”.
Na semana passada, o condomínio chamou uma assembleia geral extraordinária para decidir sobre a retirada do mastro. Segundo o morador Cláudio Eduardo Sampaio, nunca houve uma reunião do condomínio tão cheia.
“Apareceram 196 proprietários, mais seus pares e alguns filhos. Acho que tinha umas 400 pessoas. Para assuntos sérios ninguém aparece”, reclama o morador.
“Nunca vi tantas pessoas nessa reunião, desde que comprei meu lote em 1989”, diz Sampaio.
Segundo o morador, durante a reunião, o grupo contrário a bandeira apresentou argumentos dos mais diversos para justificar a retirada. “Teve um um engenheiro que trouxe normas técnicas para instalação de para raio, já que o poste da bandeira pode ser um condutor de energia e causar um acidente com risco de vida. Teve também argumentos sobre questões do direito de propriedade do condomínio, onde os moradores é que deveriam decidir se põem ou não a bandeira”, contou.
“Os argumentos contra foram bem embasados e até juridicamente defensáveis, mas penso que foi só para não configurar que essas pessoas estão defendendo ideias políticas ou serem chamados de comunistas, ou antipatriotas, ou desagregadores”, diz Sampaio.
Ao final, 96 participantes votaram a favor da permanência da bandeira do Brasil e 85 votaram contra.
“Temos diversas questões para melhoria do bem estar dos nossos vizinhos e familiares, que são sempre debatidos em assembleia e quase ninguém aparece. As pessoas têm suas ocupações diárias e, se está tudo dando certo e não tem taxa extra, tá legal. Nem aparecem nas reuniões”, reclama.
“Eu não sou contra nem a favor da bandeira. Entendo quem se incomodou, porque acho que o presidente da república abraçou a bandeira do país como um símbolo do seu governo, já que ele não tem um plano de governo. Mas, quanto ao condomínio, espero que essa baboseira se encerre logo e que as pessoas se acalmem”, diz o morador.