O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (6) a inclusão de bancários e de trabalhadores dos Correios como prioritários na vacinação contra a Covid-19. O anúncio foi feito em um post do ministério, que foi apagado minutos depois. Na sequência, a pasta convocou jornalistas para uma entrevista do Queiroga com os presidentes da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Correios.
A estimativa é que as duas categorias reúnam quase 600 mil pessoas.
“Duas categorias muito importantes, a categoria dos bancários e dos servidores de Correios e Telégrafos estão na linha de frente. São muito importantes”, disse Queiroga.
Queiroga e os presidentes das entidades participaram de uma reunião, na qual também estava o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Casa Civil.
“Recebemos há cerca de três semanas uma demanda dos servidores, bancários e também dos Correios e Telégrafos para que eles fossem incluídos na categoria prioritária do Programa Nacional de Imunização (PNI)”, afirmou.
Segundo o ministro, ambas as categorias elaboraram relatórios sobre o adoecimento de profissionais, que foi submetido ao Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e ao Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde). Os representantes dos órgãos não participaram do anúncio.
O ministro afirmou que a decisão do PNI foi técnica e uma nota será publicada na sexta-feira (9) para orientar a aplicação de vacinas nestes profissionais.
A data de vacinação e como essa prioridade será colocada em prática depende de como estados e cidades, que têm autonomia, irão organizar a convocação do grupo a partir das previsões de doses que serão divulgadas pelo governo federal.
No evento, o ministro disse que o governo tem um cronograma de vacinação “muito bem organizado”.
“Só nos últimos cinco dias nós distribuímos 13,5 milhões de doses. Essa narrativa que a campanha está atrasada, isso aí já se dissolveu, né. Veja, narrativa da Copa América, que iria criar um aumento da pandemia. O que aconteceu? A pandemia caiu”, afirmou o ministro da Saúde.
Posicionamento de especialistas e entidades
O G1 entrou em contato com Conass e Conasems, que ainda não se posicionaram sobre a decisão.
Em entrevista ao G1, a epidemiologista Ethel Maciel discordou da estratégia do governo. “Penso que o critério de idade agora seria o mais indicado. A maioria desses trabalhadores já deve ter sido vacinada. Se baixar por idade acaba pegando todo mundo e não cria barreira para aplicar a vacina”, disse Ethel.
Segundo a epidemiologista Carla Domingues, que coordenou durante 8 anos o Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, os bancários e os funcionários dos Correios realmente “são grupos expostos ao coronavírus”.
“No entanto, ficar incluindo categorias só dificulta a operacionalização da vacinação pois outras atividades ainda ficam de fora. O ideal era continuar seguindo pela idade”, disse.
Ato político no Planalto
O comunicado foi feito pelo ministro no Palácio do Planalto. Estavam presentes os presidentes da Caixa, Pedro Guimarães, do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, dos Correios, Floriano Peixoto.
Ribeiro agradeceu a “sensibilização” do governo e disse que mais de 500 mil bancários terão acesso antecipado às vacinas, 90 mil só do Banco do Brasil.
O presidente do Banco do Brasil afirmou que 50% dos bancários estão em home office. Dos outros 250 mil, 153 mil ainda estão aguardando na fila a vacina, conforme Ribeiro.
“Os bancários são essenciais e nunca abandonaram o fronte. É uma vitória não só dos bancários, mas da população em geral, porque com os bancários imunizados, isso vai oferecer mais proteção à população brasileira como um todo”, disse o presidente do BB.
Volta às aulas
Queiroga também afirmou que o governo está trabalhando para que as escolas voltem a ter aulas presenciais normalmente. Mas não detalhou qual o plano do governo federal.
“O governo já está trabalhando com coordenação do ministro Luiz Eduardo Ramos da Casa Civil com o ministro Milton Ribeiro, eu e o ministro-chefe da AGU, André Mendonça, para termos uma portaria interministerial para disciplinar a volta às aulas. Porque não é possível que fique um ano e meio sem aulas para os nossos adolescentes e jovens”, declarou.
Protesto e reunião
Nesta manhã, trabalhadores do sistema bancário e dos Correios protestaram em frente ao Ministério da Saúde. Logo depois, foram recebidos pelo ministro Marcelo Queiroga. Participaram também da reunião os presidentes do BB e da CEF, além do ministro Luiz Eduardo Ramos, da Casa Civil.
De acordo com Kleytton Morais, presidente do sindicato dos bancários, atualmente a categoria reúne 503 mil pessoas. Já a presidente sindicato dos trabalhadores da ECT, Amanda Curcino, diz que são 90 mil os trabalhadores dos Correios no país.