O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou à TV Brasil que a “universidade deveria, na verdade, ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade”. Ele defendeu que as verdadeiras “vedetes” (protagonistas) do futuro sejam os institutos federais, capazes de formar técnicos.
“Tenho muito engenheiro ou advogado dirigindo Uber porque não consegue colocação devida. Se fosse um técnico de informática, conseguiria emprego, porque tem uma demanda muito grande”, disse Ribeiro, em entrevista ao programa “Sem Censura”, na noite desta segunda-feira (9).
Política de cotas
O ministro abordou a política de cotas em instituições de ensino superior, alegando que “a crítica que havia no passado, de que só ‘filhinho de papai’ estuda em universidade pública, se descontrói com essa lei”.
“Pelo menos nas federais, 50% das vagas são direcionadas para cotas. Mas os outros 50% são de alunos preparados, que não trabalham durante o dia e podem fazer cursinho. Considero justo, porque são os pais dos ‘filhinhos de papai’ que pagam impostos e sustentam a universidade pública. Não podem ser penalizados.”
Posicionamento político de reitores
Ribeiro afirmou que “não é no meio da guerra que a educação pode progredir. Se a gente quiser discutir com professores a ideologia deles, cada um tem a sua, cada um caminha”.
“Respeitosamente, vejo que alguns deles optaram por visão de mundo à esquerda, socialistas. Eu falei pra eles: se formos discutir essas questões, nunca vamos chegar a um acordo”, disse o ministro.
Sobre os reitores, ele fez uma “ressalva”.
“Não pode ser esquerdista, lulista. Eu acho que reitor tem que cuidar da educação e ponto-final, e respeitar quem pensa diferente. As universidades federais não podem se tornar comitê político de um partido A, de direita, e muito menos de esquerda.”
A nomeação de reitores de universidades no governo Bolsonaro gerou críticas da comunidade acadêmica, depois que candidatos eleitos internamente, nas instituições de ensino, não foram empossados pelo presidente.
Crítica aos professores
O ministro também criticou parte dos professores da educação básica. Segundo ele, há docentes que agem “com viés político-ideológico” e prejudicam a volta às aulas presenciais.
“Infelizmente, alguns maus professores (a grande maioria está querendo voltar e se preocupa com as crianças) fomentam a vacinação deles, que foi conseguida; agora [querem a imunização] das crianças; depois, com todo o respeito, para o cachorro, para o gato. Querem vacinação de todo jeito. O assunto é: querem manter escola fechada”, disse.
Também afirmou que precisa contar com a “sociedade civil organizada” para que haja a retomada das atividades.
“Como que o professor é capaz de ficar em casa e deixar as crianças sem aula? A culpa não é do governo federal. Se pudesse, eu teria mandado abrir todas as escolas. Mas não podemos, depende das redes municipais e estaduais.”
Falhas nos protocolos
Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) analisou os protocolos de biossegurança na retomada às aulas presenciais de cinco estados (Amazonas, Ceará, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e São Paulo), considerados representativos na pandemia.
Com base em oito eixos (disponibilização de máscaras, ventilação adequada, imunização, testagem de casos de Covid-19, transporte, ensino remoto, distanciamento social e higiene), os cientistas concluíram que não há garantia de um retorno seguro na pandemia. Em um espectro que vai de 0 a 100, o índice de adequação aos critérios de prevenção variou de 30 a 59.