Os analistas do mercado financeiro elevaram a estimativa de inflação em 2021 pela décima nona semana seguida, e pela primeira vez a previsão superou a barreira dos 7%. Ao mesmo tempo, o mercado projetou uma alta menor do PIB e juros mais altos.
As previsões do mercado constam no relatório “Focus”, divulgado nesta segunda-feira (16) pelo Banco Central (BC). Os dados foram levantados na semana passada, em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.
Para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, a expectativa do mercado para este ano subiu de 6,88% para 7,05%.
O centro da meta de inflação, em 2020, é de 3,75%. Pelo sistema vigente no país, será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25%. Com isso, a projeção do mercado fica cada vez mais acima do teto do sistema de metas.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia.
Em 2020, pressionado pelos preços dos alimentos, o IPCA ficou em 4,52%, acima do centro da meta para o ano, que era de 4%, mas dentro do intervalo de tolerância. Foi a maior inflação anual desde 2016.
Para 2022, o mercado financeiro subiu de 3,84% para 3,90% a estimativa de inflação. Foi a quarta alta seguida no indicador. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.
PIB
No caso do Produto Interno Bruto (PIB) de 2021, os economistas do mercado financeiro reduziram estimativa para o crescimento de 5,30% para 5,28%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
Para 2022, o mercado baixou a previsão de alta do PIB de 2,05% para 2,04%.
A expectativa para o nível de atividade foi feita em meio à pandemia da Covid-19, que derrubou o PIB em 2020.
Entretanto, a economia tem mostrado forte reação nos últimos meses com a recuperação da atividade mundial, com a alta dos preços das “commodities” (produtos básicos, como alimentos, minério de ferro e petróleo) e com o retorno do setor de serviços.
Taxa básica de juros
O mercado financeiro também elevou de 7,25% para 7,50% ao ano a previsão para a Selic no fim de 2021. Com isso, os analistas passaram a ver uma alta maior dos juros neste ano.
Em março, na primeira elevação em quase seis anos, a taxa básica da economia foi aumentada pelo BC para 2,75% ao ano. Em maio, o Copom elevou o juro para 3,5% ao ano e, em junho, a taxa avançou ara 4,25% ao ano. Na semana passada, a taxa subiu para 5,25% ao ano.
Para o fim de 2022, os economistas do mercado financeiro subiram a expectativa para a taxa Selic para 7,50% ao ano, o que pressupõe estabilidade do juro básico da economia no ano que vem.
Outras estimativas
- Dólar: a projeção para a taxa de câmbio no fim de 2021 permaneceu em R$ 5,10. Para o fim de 2022, ficou estável em R$ 5,20 por dólar.
- Balança comercial: para o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), a projeção em 2021 subiu de US$ 69,40 bilhões para US$ 69,70 bilhões de resultado positivo. Para o ano que vem, a estimativa dos especialistas do mercado ficou estável em US$ 62,80 bilhões de superávit.
- Investimento estrangeiro: a previsão do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil neste ano avançou de US$ 53,75 bilhões para US$ 54 bilhões. Para 2022, a estimativa permaneceu em cerca de US$ 67 bilhões.