A filha caçula do senador Romário (PL-RJ), Ivy Faria, de 16 anos, divulgou uma carta aberta nas redes sociais. A mensagem foi direcionada ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, que fez uma declaração polêmica a respeito de alunos com síndrome de down, mesma condição de Ivy. Numa entrevista à TV Brasil, no dia 9 de agosto, ele afirmou que crianças com deficiência “atrapalham, entre aspas” o aprendizado de outros alunos sem a mesma condição, já que “a professora não tinha equipe, não tinha conhecimento para dar a ela atenção especial”.
A adolescente, então, publicou um texto na web em que diz estar “muito triste” com o ministro. Explicou que frequenta uma escola regular e que “não atrapalha ninguém”. “Seu ministro da Educação, aqui é a Ivy. Eu estou muito triste com Sr. Sabe, eu tenho síndrome de down, sou uma pessoa com deficiência, e sou estudante. Estudo para ter um futuro e ajudar o meu país. Eu não atrapalho ninguém. Frequento uma escola regular, onde há jovens com e sem deficiência. Cada um aprende no seu tempo, ninguém é igual”, começa a adolescente, que continua:
“A minha presença e a de outras pessoas com deficiência não é ruim, muito pelo contrário, desde a escola, meus coleguinhas aprendem uma lição que parece que o Sr. não teve a oportunidade de aprender: a diversidade faz parte da natureza humana e isso é uma riqueza. A fala do senhor revela muita falta de educação. Como pode achar que a deficiência torna alguém incapaz de estudar? A deficiência não nos torna incapaz de nada, basta que tenhamos oportunidade”.
Na mensagem, Ivy cita ainda que há, por exemplo, advogados cegos, relações públicas com síndrome de down, além de “um monte de gente com deficiência formado na universidade e trabalhando para Brasil”.
“Seu ministro, uma criança com deficiência em sala de aula contribui mais com a educação deste país do que o senhor neste ministério”, finaliza ela.
Romário e ministro discutem na web
Romário também bateu boca com o ministro nesta semana por conta da declaração dele, através das redes sociais. Rebateu a fala apontando que “somente uma pessoa privada de inteligência, aqueles que chamamos de imbecil, podem soltar uma frase como essa. Eles existem aos montes, mas não esperamos que estes ocupem o lugar de ministro da Educação de um país”.
Ribeiro respondeu, também por meio do Twitter, afirmando que “é muito deselegante quando um representante do parlamento se dirige desta maneira a um ministro de estado”, e disse que a frase havia sido “tirada do contexto”. Na entrevista à TV Brasil, o ministro defendeu a criação de turmas e escolas especializadas em crianças com deficiência.