O estudante de engenharia Murilo Borges, de 24 anos, para driblar a crise econômica no Brasil imposta pela pandemia, chega a patinar em um único dia até 50 quilômetros pelas ruas de Campo Grande para vender geladinhos. Essa foi a alternativa que o acadêmico e a esposa encontraram para levar os produtos, após abrir uma empresa, que atualmente, se tornou a principal fonte de renda da família.
Natural de Belém do Pará (PA), o jovem mudou-se para a capital de Mato Grosso do Sul em 2018, onde passou a cursar engenharia civil na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Com a pandemia, o jovem precisou se “reinventar”, e aliou a produção de geladinhos com a patinação.
“Eu já fazia os geladinhos há uns três anos quando fiz um mochilão pela América do Sul – até então era somente para acumular renda. Mas a pandemia chegou, a faculdade ficou em segundo plano, porque não tive condições de ter um bom rendimento online e aí decidi empreender no ramo que eu já tinha conhecimento”, explicou ao G1.
Conforme Borges, em novembro de 2020, colocou o plano da empresa em prática e junto com a esposa, Ana Carolina, de 22 anos, eles produzem, fazem marketing e vendem os produtos.
“Quando está muito quente, geralmente saio por volta das 9h da manhã e chego a patinar de 30 até 50 quilômetros por dia. Essa tem sido a nossa principal renda depois que decidi trabalhar por conta própria. A energia que gasto é bem menos e o faturamento é maior porque me dedico 100%”, ressalta.
Quanto à forma inusitada de vender seus produtos por meio da patinação, Murilo disse que começou a praticar o esporte há seis anos. Ele ainda reforça que no início o esporte era apenas um hobby e o meio que utilizava para ir para a faculdade, mas hoje tornou-se o principal meio de locomoção.
“Hoje consigo atender vários bairros em um único dia e volto para casa em um bom estado até mesmo por conta do condicionamento físico que a patinação proporciona”, e ainda acrescenta:
“Antes mesmo da pandemia, eu já fazia tudo com o patins. Quando faço viagens, prefiro andar com ele do que pegar metrô. Esse por enquanto é o meu principal meio de transporte, em todos os lugares”.
O jovem ainda ressalta os cuidados que utiliza na hora do trabalho. Murilo destaca que procura manter uma velocidade adequada e apesar da cautela, ele conta que já foi atropelado por um carro no início deste ano após o motorista furar o sinal vermelho.
Borges ainda pontua sobre a estrutura para patinadores em Campo Grande e reforça a falta de lugares adequados para a prática do esporte.
“Há várias ruas remendadas, muitas calçadas em um estado degradável para o patinador. Eu acho que na cidade toda de 30 a 40% é bom para patinar e do resto, para manter a segurança, temos que passar longe”, finaliza.