Imagens de uma câmera de segurança em Colina (SP) mostram o momento em que uma mulher pula de um carro em movimento após ter sido colocada à força dentro dele por um homem que ela desconhece.
O vídeo registra o carro passando em alta velocidade. A mulher salta do veículo, cai no asfalto, levanta e sai correndo.
Imagens anteriores a essas ainda mostram o suspeito agarrando a mulher e forçando a entrada dela no carro.
Ele foi identificado e, na delegacia, disse que estava bêbado e que não se lembrava do que aconteceu. Um boletim de ocorrência foi registrado na delegacia da cidade como constrangimento ilegal e lesão corporal.
Vítima discorda da polícia
O caso ocorreu na madrugada do dia 28 de agosto, quando a mulher ia para o trabalho. Ela andava a pé na Avenida Doutor Manoel Palomino Fernandes e foi abordada pelo homem.
De acordo com a vítima, que não quis ser identificada, o rapaz a agarrou com força e pediu para que ela ficasse quieta.
“Eu comecei a gritar muito. Me desesperei naquele momento. Ele começou a me bater, dar tapas, socos, pegar forte porque eu estava tentando correr, sair dali. Foi essa sequência de tapas e socos até eu conseguir entrar no carro. Ele entra junto comigo e acelera o carro. Foram cinco segundos para pensar, abrir a porta e pular”, conta.
A mulher de 21 anos tem as marcas das agressões no corpo e procurou a polícia alegando que sofreu tentativa de sequestro e estupro, crimes que não foram relatados no boletim de ocorrência.
“Eu me sinto muito injustiçada, porque ele mesmo confessou e saiu da delegacia como se não tivesse feito nada. Ninguém fez nada e ele está por aí, podendo cometer isso de novo com outras mulheres. Eu consegui escapar, mas e se eu não conseguisse? A Polícia ia fazer alguma coisa se eu aparecesse morta? Ou até alguma hora que uma mulher aparecer morta?”, questiona.
Não há caracterização de sequestro e estupro, diz delegado
O delegado Daniel do Prado Gonçalves, responsável pelo caso, diz que a identificação e o registro dos fatos ocorreram no dia 30 de agosto, dois dias após os acontecimentos.
Ele afirma que todos os procedimentos foram tomados, como a elaboração do boletim e formalização das oitivas, reconhecimento pessoal de objetos.
O homem foi identificado, mas foi liberado. “Ele falou que estava no local, mas falou que estava bêbado e não sabia ao certo que tinha feito isso”, explica o delegado.
Em relação às discordâncias da vítima, Gonçalves afirma que não é possível afirmar que houve tentativa de sequestro ou estupro e que isso foi alegado pela própria mulher nas oitivas.
“A vítima foi entrevistada e ela não afirmou que ele teria alguma intenção em cometer qualquer ato libidinoso contra ela, que ele só tentou, forçou ela e agrediu ela fisicamente a entrar no carro, só que ela prontamente, alguns metros depois, já conseguiu sair do carro e sair correndo. Em uma análise primária, numa análise inicial, não foi caracterizado, ficou bastante temerária a caracterização do crime do estupro e do sequestro”, diz.
“O sequestro tem que reter a vítima. Tirar do ambiente dela e reter em um local e aquela retenção dela foi muito breve. Fica muito temerário falar que ele tentou sequestrar ela, até porque não conseguiu, com a oitiva dele e dela, colheita das testemunhas e câmeras, a gente não conseguiu provar que a intenção dele era essa”, completa.
Qualificações são iniciais, aponta polícia
Ainda de acordo com o delegado, as qualificações de constrangimento ilegal e lesão corporal são iniciais e podem mudar de acordo com as investigações do inquérito policial.
“Agora estamos realizando oitivas de testemunhas, colheitas de todos os tipos de prova, estamos aguardando a remessa do laudo de exame de corpo de delito por parte do IML. Depois, se conseguir provar que ele cometeu algum crime mais grave que esses que estão caracterizados, ele vai ser indiciado e vai ser apresentado à Justiça para responder pelos crimes que ele cometeu”, afirma.
O delegado explica que o inquérito vai ser encaminhado, em breve, para o poder judiciário e depois para análise do Ministério Público. Ele afirma que, em Colina, não há registro de crimes dessa mesma natureza cometido pelo suspeito.