Um idoso de 87 anos perdeu R$ 800 mil após uma quadrilha aplicar golpes com a divulgação de investimentos em criptomoedas. O morador de Sorocaba (SP) teria sido convencido por uma ex-gerente de banco que o conhecia e propôs o investimento, segundo o advogado da vítima.
O promotor de Justiça, Cláudio Bonadia de Souza, informou à TV TEM que a mulher fazia parte de uma quadrilha que atraía as vítimas com propostas de investimentos em criptomoedas, com a promessa de lucro de 10% ao mês do valor aplicado. Após o Ministério Público receber a denúncia do golpe que o idoso sofreu, uma investigação foi iniciada.
No dia 1° de agosto, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Sorocaba cumpriram mandados de busca, prisão e apreensão expedidos em Sorocaba, São Paulo, Barueri e Araçoiaba da Serra (SP). Ao todo, seis pessoas foram presas, sendo que uma delas foi liberada posteriormente.
Ao G1, o advogado do idoso, Danilo Campagnollo Bueno, informou que a vítima foi procurada pela ex-gerente de banco em 2019. A mulher já tinha sido responsável pela conta bancária dele e era uma pessoa em quem ele confiava.
“Por causa da confiança que ele tinha durante anos, ele fez um aporte inicial de R$ 400 mil, no primeiro mês. Uma das condições era que esse valor não fosse resgatado em seis meses, e era apresentado um contrato por outra empresa. Passado o primeiro mês, o grupo devolveu uma parte, um pequeno valor que seria de 10% do investimento.”
De acordo com o advogado, o idoso ficou animado com o retorno e investiu mais R$ 400 mil de novo. Além disso, ele chegou a convencer a filha dele, de 63 anos, a investir em “criptomoedas”. A mulher depositou R$ 50 mil e teve rendimento de 10% no primeiro mês, mas nos meses seguintes o idoso e a filha não conseguiram recuperar o dinheiro.
“Essa ex-gerente de banco não sabia dizer onde o dinheiro foi investido. Então, meus clientes começaram a pedir o resgate do dinheiro e outras pessoas se apresentavam em nome da empresa. Apenas enrolavam as vítimas para afastar o crime. Passavam a aparência de falência e não de estelionato.”
Segundo o advogado, o dinheiro do idoso não foi aplicado em criptomoeda. A quadrilha devolvia 10% do valor do próprio dinheiro investido pela vítima.
O Gaeco informou que não há um número exato de vítimas que sofreram golpes e as investigações continuam. O grupo também tinha uma célula jurídica, que buscava evitar que as vítimas registrassem denúncias contra o esquema de fraude.
Operação
A Operação Criptogolpe investiga um grupo suspeito de aplicar golpes com criptomoedas. Foram dez mandados de busca e apreensão e sete de prisão expedidos nas cidades de Sorocaba, São Paulo, Barueri e Araçoiaba da Serra (SP).
Segundo a investigação, a quadrilha aliciava pessoas pela internet para investimento, porém, o valor não era aplicado. Conforme o Gaeco, mais de R$ 1,4 mi foram movimentados pelo grupo que mantinha vida de ostentação.
O grupo contava com o apoio de campanhas publicitárias veiculadas nas redes sociais e na televisão, em canais abertos. Também utilizavam personalidades influentes para conseguir a confiança das vítimas.
Na operação do dia 1° de agosto, computadores, documentos e carros, entre eles um de luxo, foram apreendidos.
‘Certificado de R$ 140 milhões’
Um dos presos na operação tinha “um certificado” de uma conta com mais de R$ 140 milhões. Além do certificado, que contém o valor em Euros, as equipes também encontraram duas moedas, que são usadas como símbolos e que não possuem valor atrelado.
O advogado de dois suspeitos, Rafael Dourado e José Carlos Mello, informou à TV TEM que não teve acesso ao processo e não entende a acusação feita pelo Ministério Público porque a empresa estava há dois anos sem atividades.
Ele informou ainda que a empresa estava em acordo judicial para pagar as pessoas que tiveram prejuízo e afirmou que estranhou as prisões porque todos os envolvidos tinham endereço fixo.