A Justiça do Rio de Janeiro decretou as prisões preventivas de Pedro Paulo Gonçalves Vasconcellos da Costa e da mãe dele, Eliane Gonçalves Vasconcellos da Costa. Eles são acusados pelo Ministério Público pela morte e tentativa de ocultação do cadáver da dubladora Christiane Louise de Paula.
“A prisão cautelar se impõe como forma de se assegurar a ordem pública. A medida também se justifica por conveniência da instrução criminal”, diz trecho da decisão judicial.
O texto da Justiça também traz mais detalhes sobre como Pedro e Eliane tentaram ocultar o corpo de Christiane. Segundo as informações, mãe e filho chamaram um motorista de aplicativo conhecido para levar o corpo da dubladora até Grumari, na Zona Oeste.
O motorista contou à polícia que não sabia que transportaria um cadáver. Na versão dele, Pedro e Eliane disseram que o volume envolto em plásticos e lençóis se tratava de um despacho.
“As circunstâncias em que o crime foi praticado demonstram a altíssima periculosidade social dos réus. Registre-se que o acusado Pedro e a acusada Eliane, sua mãe, providenciaram a ocultação do cadáver, solicitando o serviço de transporte por aplicativo simulando um ritual religioso para que não fossem percebidos“, consta em outro trecho da decisão.
A Justiça também destacou que depois da morte de Christiane, Pedro Paulo e Eliane “passaram a se comportar como proprietários do imóvel da vítima”.
A dubladora morava em Ipanema, na Zona Sul do Rio, e segundo a investigação o corpo dela ainda foi mantido dois dias no imóvel por Pedro e Eliane, antes da tentativa de ocultação em Grumari.
A defesa de Pedro Paulo e Eliane disse que trata-se de um equívoco que, com a abertura do processo criminal, poderá ser esclarecido.
“Tudo está para ser investigado. O que se levanta é uma hipótese absolutamente equivocada e que durante a investigação judicial, que se inicia agora com a abertura do processo criminal, a defesa irá, sem sombra de dúvida, esclarecer todos os pontos e dar a cada um o que é seu”, disse o advogado Cláudio Dalledone, que representa mãe e filho.
O caso
De acordo com a polícia, Christiane foi morta por volta do dia 20 de julho deste ano depois de acolher Pedro Paulo no apartamento dela em Ipanema, na Zona Sul do Rio.
Os dois eram amigos e teriam se conhecido há quatro anos numa clínica psiquiátrica, onde passaram por tratamento. Pedro Paulo estaria tendo crises e, por isso, passou a viver com Christiane.
Pedro Paulo chegou a ficar preso temporariamente. Na Delegacia de Homicídios da Capital, que investigou o crime, o homem confessou o assassinato dizendo que foi um ato de legítima defesa – versão refutada no inquérito da polícia.
A apuração apontou que a mãe de Pedro Paulo, Eliane Gonçalves, ajudou o filho a ocultar o corpo de Christiane numa área de vegetação em Grumari, na Zona Oeste. A mulher chegou a ser procurada pela polícia, mas acabou se apresentando na delegacia.
O corpo de Christiane foi encontrado envolto em lençóis e sacos plásticos, e segundo a polícia foram deixados no local por Eliane, Pedro Paulo e uma terceira pessoa.
O cadáver da profissional de dublagem foi encontrado no dia 22 de julho. As circunstâncias do local e o estado do corpo dificultaram determinar quando exatamente a mulher fora morta.
Apesar disso, os investigadores descobriram que o economista e a mãe dele passaram aos menos dois dias com o cadáver da vítima no apartamento em Ipanema.
Com o corpo ainda no imóvel, uma fonte na investigação disse que Pedro Paulo e Eliane continuaram a viver normalmente, inclusive saindo para beber pelo bairro da Zona Sul.
Para a polícia, a motivação para crime pode ter sido “patrimonial”, isto é, Pedro Paulo e mãe pretendiam ficar com os bens de Christiane.
Durante uma diligência para busca e apreensão na casa da mãe de Pedro Paulo, os agentes encontraram computadores e celulares da dubladora.
Christiane dublava desde 1994, e fazia, entre outras vozes, a personagem Margarida, da Disney.
Christiane Louise e alguns personagens dublados por ela — Foto: Reprodução/Instagram