Polícia indicia por injúria vizinha que teria ofendido filho autista de músico do Molejo

Idosa chamou criança de ‘retardado, doente’. Ela também emitiu outras ofensas contra o músico, a quem chamou de ‘negro pagodeiro favelado’.

Reprodução / TV Globo

Família denuncia que George foi alvo de discriminação no condomínio onde mora

O delegado Alessandro Petralanda, da 32ª DP, na Taquara, na Zona Oeste do Rio, indiciou na segunda-feira (13) uma idosa que ofendeu George Valentin, de 7 anos, por ser autista.

O menino é filho do baterista do grupo Molejo, Jimmy, com Cristiane Sales. Ela presenciou as ofensas contra a criança e também contra o marido, que em dado momento, passou a ser alvo das injúrias da idosa.

“Começou a querer me identificar através do meu filho. Que ele seria um doente, uma criança com problemas. E como eu não atendi nessa identificação, ela também perguntou se era o filho de um preto, um pagodeiro, favelado, pai de uma criança doentinha”, disse Cristiane.

Trecho do registro do ocorrência feito pelos pais de George: ofensas contra o menino — Foto: Reprodução

Trecho do registro do ocorrência feito pelos pais de George: ofensas contra o menino — Foto: Reprodução

George e Jimmy: 'Não vou deixar para lá e virar as costas para o meu filho' — Foto: Reprodução/Redes sociaisGeorge e Jimmy: ‘Não vou deixar para lá e virar as costas para o meu filho’ — Foto: Reprodução/Redes sociais

Sensação de alívio

Nesta terça-feira (14), ao saber da conclusão do inquérito, o músico se disse satisfeito, mas que espera que esse seja só o primeiro passo do caso.

“Espero que o caso não fique impune. Ele é meu primeiro filho com a Cris, que abdicou de muita coisa na sua vida, inclusive da parte profissional, para dar todo o suporte que o George precisa. Daí, em segundos, vem uma pessoa e desconstrói tudo aquilo que uma família e amigos levara anos para construir. Se eu deixar para lá, vou estar virando as costas para tudo aquilo que eu acredito, e para outros Georges também. Meu filho não pode crescer achando que ser ofendido é normal. Vamos até o final com isso aí”, disse Jimmy ao G1.

Cristiane Sales também se disse aliviada com o indiciamento da polícia.

“Eu me sinto um pouco mais tranquilizada. Dá a sensação de que podemos contar co a Justiça para a proteção do George. Acho que só assim essa pessoa vai ser educada para viver em sociedade ou para pelo menos manter o seu preconceito dentro de casa, não sair disseminando por aí. Dá a sensação de alívio, de que a nossa luta não vai dar em nada”, disse a mãe de George.

Ministério Público vai analisar o caso

O caso agora está a cargo da 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da área Madureira e Jacarepaguá, que vai analisar o inquérito e decidir se denuncia criminalmente a idosa ou não.

O caso

Na quarta-feira (8), George Valentin, de 7 anos, brincava com uma outra criança na área de lazer do condomínio em que mora, quando começou a ser ofendido por uma vizinha idosa.

Ela abordou uma outra pessoa do local e tentava identificar George de modo ofensivo.

“Tentei explicar que se tratava do meu filho que era autista, que não era uma doença. Ela afirmou que: ‘depois que autismo virou moda, retardado tinha mudado de nome’. Foi muito chocante”, disse Cristiane Sales, mãe do menino que fez o registro de ocorrência na 32ª DP.

Jimmy, baterista do grupo Molejo, e sua mulher, Cristiane Sales, denunciaram à Polícia Civil que o filho do casal, George, que tem apenas 7 anos, foi vítima de preconceito por ser autista. Segundo eles, uma vizinha da família, que mora em um condomínio na Zona Oeste do Rio de Janeiro, afirmou: “depois que autismo virou moda, retardado tinha mudado de nome”.

De acordo com Cristiane, George estava brincando com outra criança na área de lazer do prédio. Então, ao abordar uma outra mulher sobre um problema com uma das crianças, que não George, a vizinha começou as ofensas.

“Começou a querer me identificar através do meu filho. Que ele seria um doente, uma criança com problemas. E como eu não atendi nessa identificação, ela também perguntou se era o filho de um preto, um pagodeiro, favelado, pai de uma criança doentinha”, disse Cristiane.

“Tentei explicar que se tratava do meu filho que era autista, que não era uma doença. Ela afirmou que: ‘depois que autismo virou moda, retardado tinha mudado de nome’. Foi muito chocante”, completou.

A mãe da criança que brincava com George estava trabalhando em casa quando ouviu os gritos vindos da área comum do prédio.

“Ela [vizinha] insistiu: ‘ele é doente, sim’. E eu disse que autismo não é doença. E ela insistiu. Aí cheguei para a Cris e disse que não tinha condições de diálogo”, afirmou a professora Nira Kríssia José de Lima.

Nira Kríssia também prestou depoimento sobre o ocorrido. A Polícia Civil afirmou que o inquérito foi concluído e o caso encaminhado à Justiça.

O Grupo Molejo e o Projeto Kephas divulgaram uma nota de repúdio, solicitando que as autoridades competentes se pronunciem e tomem todas as providências cabíveis no sentido de que se apure com rigor os responsáveis, para que eles sejam indiciados e punidos.

Fonte: G1

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