Depois de enfrentar inúmeros obstáculos por causa da estatura, Joelison Fernandes da Silva, de 36 anos, que é considerado o homem mais alto do Brasil, medindo 2,37 metros, vive um novo desafio. Ninão, como é popularmente conhecido, não consegue andar e nem ficar de pé por causa de uma infecção, que também vai provocar a amputação da perna direita dele.
Pesando mais de 200 quilos, mesmo tendo se acostumado a fazer as atividades diárias com o suporte da cadeira de rodas, ele explicou que “a maior dificuldade agora é a locomoção por dentro da casa” onde mora, em Assunção, no Sertão da Paraíba.
Ninão foi diagnosticado com osteomielite há cerca de quatro anos e meio, mas já sofre com os sintomas da doença há aproximadamente uma década. A infecção, que pode ser causada por bactérias ou fungos, atinge o osso, tendo como um dos principais sintomas a dor.
“Eu não sabia o que era. Fui diagnosticando quando já tava muito avançado [o comprometimento da perna]”, revelou.
Quando recebeu pela primeira vez a recomendação de amputação do membro, depois de mais de três meses internado, ele resolveu voltar para casa, em uma cadeira de rodas. O objetivo era a busca de outras opiniões médicas.
Mas, para a decepção dele, a reposta para uma melhor qualidade de vida é sempre a mesma: amputar. Por isso, junto com a família, ele optou pela cirurgia.
“É uma decisão dura e dolorosa, mas pra eu ter uma vida normal, é mais fácil andar com prótese do que com o pé. A gente decidiu fazer a amputação com a esperança de uma vida melhor, de voltar andar caminhar, andar, trabalhar, que era o que eu fazia antes. […] Eu era muito feliz com isso”, desabafou.
Ninão espera voltar a andar depois da cirurgia
Desde então, muitos cuidados são necessários. O curativo na perna precisa ser feito todos os dias. Para isso, ele conta com o auxílio de uma equipe da rede municipal de saúde do município ou com a mãe.
Ele não tem acompanhamento médico para o tratamento da perna. Agora, espera pela marcação da cirurgia, enquanto alimenta do sonho da volta para a vida que tinha antes.
O procedimento será feito pela rede pública de saúde, mas ele ainda aguarda saber em qual hospital.
Depois, a pretensão do paraibano é usar uma prótese. Para comprá-la, ele está fazendo uma campanha para arrecadação de doações na internet, “para realizar o sonho de voltar a andar”.
Dificuldade de locomoção impediu Ninão de trabalhar
Ninão também precisa de medicamentos para conter a infecção. Os gastos mensais com remédios são de aproximadamente R$ 500, quase metade da renda da família.
Desde que se locomove em uma cadeira de rodas, ele não consegue trabalhar, e lamenta pelas oportunidades perdidas. Antes da infecção, ele costumava fazer comerciais e era convidado para participar de eventos pelo país inteiro.
Atualmente, o paraibano mora com a esposa. A renda do casal corresponde a um salário mínimo, da aposentadoria que ele recebe desde 2012, e de alguns trabalhos de decoração que a companheira dele faz. As doações dos amigos também têm auxiliado.
“Chega uma visita, vê a situação e dá uma ajuda”, contou.
‘Passei 21 anos da minha vida escondido num sítio porque tinha vergonha’
O paraibano, natural de Taperoá, descobriu o gigantismo aos 14 anos, quanto media 1,95 metro. Teve a opção de fazer uma cirurgia para parar o crescimento, mas não fez por medo dos riscos do procedimento. Parou de crescer há quatro anos com a ajuda de remédios.
Antes de se tornar uma celebridade, Ninão tinha vergonha de todos os olhares de admiração voltados para ele.
“Sofri, sofri muito. Passei 21 anos da minha vida num sítio porque tinha vergonha vir na cidade. O povo olhava. Parei de estudar também devido a isso”, lembrou.
Depois que ficou nacionalmente conhecido, ele conseguiu retomar os estudos e concluir o ensino médio.
“Fui me acostumando com as pessoas”, finalizou.