Desde que o comprovante de vacinação passou a ser exigido para entrada em locais de uso coletivo no Rio de Janeiro, os agentes que fazem parte da campanha de imunização na cidade estão de olho em quem vai aos postos e tenta pegar o documento, mas não quer ser imunizado.
Antes do posto abrir, a supervisora de uma das unidades responsáveis pela vacinação reforça o alerta para que a atenção seja redobrada.
“As orientações são aquelas que damos todos os dias, principalmente em relação ao comprovante de vacina”, afirmou Jussara Santos.
Tentativa de fuga e suborno
No posto instalado no Jockey Club, na Zona Sul do Rio, um homem de 39 anos, que deveria ter sido vacinado em julho, mas que não havia tomado nenhuma dose de vacina, afirmou que não se vacinou pois perdeu os documentos, mas mostrou um boletim de ocorrência com um nome diferente do qual se apresentou.
Quando a equipe da unidade estava prestes a chamar a polícia, o homem foi embora sem ser imunizado.
No mesmo local já aconteceram outros três casos parecidos. Uma mulher de 65 anos que não havia tomado nenhuma dose tentou enganar a equipe.
“Ela queria pegar o comprovante e queria sair para ir ao banheiro”, contou a agente comunitária de saúde Cristiane da Silva Pereira.
Quando os profissionais de saúde negaram o pedido, ela saiu sem ser vacinada.
Na outra semana, outra mulher tentou sair do local com o cartão, mas foi barrada a tempo. E um homem, que também não queria ser vacinado, tentou subornar o segurança do posto.
“Ofereceu dinheiro para ele, para que desse o comprovante, para que ele viesse aqui e pegasse o comprovante conosco”, disse Jussara, que é supervisora técnica da unidade.
O vigilante não aceitou o suborno e comunicou aos profissionais de saúde.
Protocolos reforçados
Para evitar fraudes, os protocolos com o comprovante tiveram que ser reforçados. Antes, cada mesa de vacinação já ficava pronta com os kits de vacinação e os comprovantes para agilizar o início de cada dia de trabalho.
Para evitar fraudes, quando o profissional não está presente, a mesa fica vazia. O kit só é entregue diretamente nas mãos do vacinador. Só depois que a dose for aplicada é que o agente de saúde assina e entrega o cartão.
Passaporte da vacina
A exigência de apresentação do comprovante de vacinação para entrar em locais de uso coletivo no Rio causou uma corrida aos postos de saúde. O documento é exigido em academias, cinemas e pontos turísticos.
Uma lei municipal, já aprovada e sancionada, determinou uma multa de R$ 1 mil para quem tentar fraudar o comprovante.
“Oito pessoas já foram multadas, denunciadas para a polícia. É assustador pensar que pessoas vão aos postos de saúde para tentar roubar um comprovante”, afirmou o secretário de Saúde do Rio, Daniel Soranz.