Dono de loja de pneus, filhos e advogada estão entre presos de operação contra suspeitas de desvios de R$ 71 milhões

Ministério Público investiga supostas fraudes em licitações em mais de 140 cidades goianas e de outros estados. Defesa afirma que não há crimes nas atividades e já pediu soltura do grupo.

Dinheiro apreendido durante Operação Fator R — Foto: Divulgação/MP-GO

Dono da Tropical Pneus, Sérgio Carlos Ferreira, dois filhos e uma advogada do grupo estão entre os sete presos suspeitos de participar de esquema que pode ter desviado R$ 71 milhões por meio de fraudes em licitações. O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) apurou que há indícios de que as atividades irregulares existam há cerca de 20 anos.

Foram presos:

Sérgio Carlos Ferreira (empresário)
Sérgio Carlos Ferreira Filho (empresário)
Raphael Xavier Ferreira (empresário)
Clodoaldo José Barbosa (empresário)
Paulo Augusto Monteiro (contador)
Lisa Fabiana Barros Ferreira (advogada)
Wener Miranda da Silva (representante comercial)

Os seis primeiros são representados pelo advogado Romero Ferraz Filho. Por meio de sua assessoria, o defensor informou que “não há crime no planejamento sucessório, instrumento jurídico que prevê, inclusive, a criação de empresas” e que, portanto, “não há nada que justifique as prisões, as quais se tenta a revogação antes mesmo da audiência de custódia”.

Já o advogado de Wener, Rogério Pereira Leal, explicou que o cliente se declara inocente. A defesa considera a prisão preventiva desnecessária porque os investigados têm endereços fixos, bons antecedentes e poderiam ter sido chamados para prestar esclarecimentos sem precisarem ser detidos.

O grupo foi preso na terça-feira (26), mas segue detido e tem audiência de custódia marcada para esta quarta-feira (27).

A operação Fator R, que prendeu os sete investigados, também apreendeu, na casa de um deles, R$ 74 mil em dinheiro. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em vários endereços de Goiás e do Mato Grosso.

Segundo as investigações, houve fraudes em contratos em 148 cidades goianas e 49 municípios em Mato Grosso, um no Tocantins e um na Bahia.

As investigações apontaram que o grupo criou várias empresas com características de pequenos negócios para pagar menos impostos e participar de licitações em pequenas cidades, mas que contavam com a estrutura de uma grande revendedora, o que lhes dava vantagem.

“Hora como a grande empresa, hora competindo entre si, como uma simulação, hora só com a pequena empresa, que não é pequena. Quando essa empresa [que se passa por pequena, mas não é] ganha, essa licitação foi fraudada”, explicou o promotor Sandro Barros.

A partir das informações obtidas através dos mandados cumpridos pelo MP, com apoio da Polícia Militar, as investigações devem continuar para apurar se outras pessoas participam do esquema, como descreveu o promotor Rodney da Silva.

“Devido à complexidade da investigação, o que se faz é um fatiamento, a gente vai progredindo. Foi identificado o esquema. Agora parte-se para conhecer se houve participação de agente público”, disse.

Buscas em vários órgãos
Equipes do MP estiveram, na manhã de terça-feira, em vários órgãos para cumprir mandados de busca e apreensão, entre eles a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). De acordo com as investigações, o grupo teria recebido de lá R$ 12 milhões em contratos de vendas de pneus.

Por meio de nota, a Comurg informou que o MP compareceu na sede da Companhia pedindo acesso a “processos de licitação oriundos de contratações realizadas em gestões anteriores” e que todos foram entregues aos agentes do órgão “no intuito de colaborar com as investigações de um suposto ilícito”. O informe descreve também que a Companhia não é alvo da investigação e que é de interesse da Comurg que tudo seja esclarecido.

A Prefeitura de Goiânia, também alvo das buscas, “informa que está à disposição para colaborar com as investigações”. Também de acordo com a administração, foram entregues os documentos solicitados ao MP e que “não existe investigação contra servidores públicos ou por crime de improbidade administrativa”.

Já a Prefeitura de Aparecida de Goiânia afirmou que “foi informada da operação do Ministério Público na manhã desta terça-feira, 26, e que está colaborando com as investigações fornecendo as informações necessárias solicitadas”.

Também alvo dos mandados de busca, a Metrobus informou que “prontamente atendeu todas as solicitações do Ministério Público, repassando na íntegra os documentos e informações requeridos”.

A empresa afirmou que não está envolvida com os crimes investigados, mas que “acompanhará os desdobramentos das investigações, tomando, se for o caso, as medidas necessárias caso se constate que foi vítima de alguma ação fraudulenta”.

A operação também cumpriu mandados na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). A Casa explicou que “a investigação não possui conexão com o Legislativo estadual”. A nota diz ainda que não há relação entre a servidora citada nas apurações e atuação dela na Alego.

Fonte: G1

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