‘Todo mundo vai jogar pedra nele’, diz Mourão sobre ausência de Bolsonaro na COP 26

Conferência da ONU sobre o clima começa neste fim de semana na Escócia. Bolsonaro é alvo de críticas da comunidade internacional sobre a gestão ambiental.

Vice-presidente Hamilton Mourão em entrevista nesta sexta (29) — Foto: Guilherme Mazui/g1

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira (29) que o governo brasileiro enviou uma “equipe robusta” à conferência sobre o clima organizada pelas Nações Unidas (ONU), a COP 26, e justificou a decisão do presidente Jair Bolsonaro de não participar do encontro: “vai chegar em um lugar em que todo mundo vai jogar pedra nele”.

Mourão, que está no exercício da Presidência da República em razão da viagem de Bolsonaro à Itália para a cúpula do G20, deu a declaração no Palácio do Planalto. Ele foi questionado sobre a ausência de Bolsonaro na COP 26, enquanto outros líderes deverão comparecer à conferência.

“Sabe que o presidente Bolsonaro sofre uma série de críticas, então, ele vai chegar em um lugar em que todo mundo vai jogar pedra nele. Está uma equipe robusta lá com capacidade para, vamos dizer, levar adiante a estratégia de negociação”, disse Mourão.

Criticado por ambientalistas e políticos por sua agenda ambiental, Bolsonaro decidiu não participar da COP 26. O presidente chegou nesta sexta-feira (29) a Roma para a cúpula do G20, no fim de semana, e ficará na Itália até a terça-feira (2) com compromissos em Pádua e Pistoia.

Mourão, que preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal, também não irá a Escócia. A principal autoridade brasileira em Glasgow deve ser o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.

Segundo Mourão, o governo brasileiro sofre críticas por razões políticas, econômicas e ambientais.

“Existe a questão política, o nosso é um governo de direita, a maioria das pessoas que têm realmente uma consciência ambiental maior são de esquerda, então há crítica política embutida nisso aí. E tem a questão econômica, sempre uma busca de uma barreira em relação à pujança do nosso agronegócio, querendo dizer que ele provém de de área desmatada da Amazônia, que não é uma realidade. E óbvio a questão ambiental embutida”, disse.

O governo Bolsonaro é criticado pelas ações que dificultaram a fiscalização à crimes ambientais, em especial na Amazônia.

COP é a sigla para Conferência das Partes – um encontro anual que reúne 197 nações para discutir as mudanças climáticas e como os países pretendem combatê-la. Neste ano, a maioria dos países vai submeter seus planos de redução de emissões, portanto será possível avaliar se o mundo está no caminho para alcançar a meta do Acordo de Paris.

O Brasil chega à COP 26 com as emissões de gases estufa em alta e a credibilidade em baixa. O país se comprometeu a reduzir em 43% as emissões de gases estufa até 2030. Essa foi a meta oficial apresentada no Acordo de Paris. Mas no fim do ano passado, o governo federal mudou a base de cálculo das metas brasileiras, o que, segundo especialistas, significa permissão para poluir mais.

Do Acordo de Paris para 2020, em vez de reduzir, o Brasil elevou as emissões de gases estufa em quase 5%. É o que revela um relatório do Observatório do Clima divulgado nesta quinta-feira (28) . Apenas no ano passado, em plena pandemia, enquanto o mundo registrava uma queda de 6,7% nas emissões, o Brasil seguia na contramão: um aumento de 9,5%, o maior desde 2006.

Fonte: G1

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