O procurador-geral da República, Augusto Aras, disse, em entrevista à CNN, que não precisa de flechas para cumprir seu dever.
Ele deu a declaração ao responder a um questionamento sobre as críticas de que é alinhado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e que “é provável que em governos anteriores, em gestões da procuradoria anteriores, a demonstração de independência fosse feita de forma estridente, de uma forma escandalosa, fosse feita sempre de uma forma: o caçador de político e de empresários”.
“Eu não preciso ser o arqueiro. Eu não preciso de flechas para cumprir meu dever. Devo lhe dizer de forma, pedindo muitas desculpas pela imodéstia, nossa gestão supera a dos últimos 10 anos em tudo. Em número de denunciados, em valores de recuperação de ativos. De maneira que não tenho preocupações com afinamentos, com vínculos, pois nunca os tive com ninguém. Do contrário até, não frequento casa de ninguém, (não frequento) certos ambientes.”
A alusão a flechas é proposital. Um de seus antecessores no cargo, Rodrigo Janot, que ocupou o posto durante a Operação Lava Jato, marcou sua gestão pelas operações que prenderam políticos e empresários. E foi autor da frase “enquanto houver bambu haverá flecha”.
Questionado sobre a ideia de integrantes da CPI de apresentar uma ação penal privada subsidiária da pública como forma de driblar uma eventual inércia diante do relatório da CPI, ele disse que “inércia” e “omissão” caberiam “a grande questão que se põe é que inércia e omissão revelam uma conduta nesse particular para uma ação penal privada. Uma absoluta ausência de trabalho técnico, de exercício das funções técnicas, e isso não é do nosso feitio. E, também, é compreensível que advogados, políticos, queiram de alguma forma pressionar o MP com a possibilidade de uma ação privada ou até com a PEC 5, quando na verdade não temos razão para se preocupar. Nossa gestão é muito aberta e disponível para todos. E nossa produção de trabalho por si só revela isso”.