O influenciador negro Júlio de Sá fez um registro de ocorrência na 5ª DP (Gomes Freire) após uma abordagem policial considerada racista no Centro do Rio. Ele registrou o fato por meio de uma live em uma rede social.
Em um vídeo divulgado no Instagram, ele afirma que foi abordado após sair de uma loja por um policial militar do programa Segurança Presente na quarta-feira (17).
O caso foi registrado como um crime de preconceito, na lei 7116, que trata de crimes de preconceito por raça, cor, religião ou etnia.
Segundo o delegado Bruno Gilaberte, titular da 5a DP (Centro), os agentes serão chamados para prestar depoimento.
“Vou verificar ainda todos que estavam na ocorrência, e vamos chamar um a um. Só depois de ouvi-los é que vamos ter um panorama mais preciso sobre o que ocorreu”.
Como foi a abordagem
No vídeo públicado nas redes sociais, Júlio contou sua versão da abordagem.
“Ele chegou em mim do nada, eu estou andando normal, aí ele me aborda”, diz ele, gravando com o celular, enquanto discute o motivo da abordagem.
“Por que você me abordou?”, repete Júlio.
“Você ingeriu bebida alcoólica? Você está alterado”, questiona um dos policiais na gravação. “A polícia está aqui para te proteger”, diz um dos agentes.
Júlio, então, diz que apenas entrou em uma loja no Centro do Rio e volta a questionar o motivo da abordagem.
“Você entrou e saiu muito rápido”, alegou um agente.
“O fato de eu ter sido abordado porque eu entrei e saí muito rápido da loja, isso não tem como justificar, o fato de ‘o vento bateu na tua cintura e fez um volume’… Eu vim aqui solicitar uma resposta da instituição, levantar a bola para que a gente possa discutir essa questão”, alegou Júlio.
Em uma rede social, Júlio lamentou o incidente.
Ele disse que abriu uma live para mostrar a abordagem que estava sofrendo com o objetivo de se proteger:
“Não foi por uma rebeldia, ou para atacar diretamente o policial, mas sim para me defender, porque a gente está vendo constantemente aí pessoas pretas sendo presas injustamente”.
O influenciador, que tem mais de 184 mil seguidores na página Carioquice Negra, disse que já passou por outros episódios de abordagens policiais, e se filmar foi uma resposta a isso.
“Eu falei: ‘Preciso comprovar também que eu não estou fazendo absolutamente nada’. É uma questão de você vivenciar isso o tempo todo e ter o amadurecimento para isso”, finalizou.
Júlio foi até a delegacia acompanhado de dois advogados, Joel Luiz e Djeff Amadeus, que representam o Instituto de Defesa para a População Negra
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