O Ministério da Saúde sofreu um segundo ataque hacker entre o final de domingo (12) e esta segunda-feira (13). A nova ação, que tinha sido negada pelo governo ao longo de toda a tarde, foi admitida à noite pelo próprio ministro Marcelo Queiroga, em Brasília.
Inicialmente, ao omitir o segundo ataque, a pasta divulgou nota afirmando que o DATASUS realizava “manutenção preventiva na rede interna”. Agora, mesmo dizendo que a segunda ação teve um impacto menor, Queiroga admitiu que, na verdade, o ministério atuava para “recuperar” sistemas internos.
“São duas coisas diferentes. Aquele primeiro ataque não foi um ataque ao Ministério da Saúde, aquilo foi a nível da Embratel, né? E felizmente, os dados não foram comprometidos. Em relação a esse [segundo ataque], foi algo de menor monta e estamos trabalhando para recuperar isso o mais rápido possível”, disse Marcelo Queiroga.
De acordo com fontes da Polícia Federal (PF), de domingo para esta segunda-feira, ocorreram novas tentativas de ataques hacker no sistema do Ministério da Saúde. O sistema de e-mails, por exemplo, ficou fora do ar.
Procurado mais cedo, o ministério se limitou a dizer que se tratava de manutenção da rede, mas, reservadamente, fontes da própria pasta e da PF chegaram a dizer que o problema dos e-mails está relacionado aos ataques de hackers. Funcionários foram avisados de que não precisariam ir à sede do ministério nesta segunda.
Em nota divulgada minutos após as declarações de Queiroga, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República diz que ocorreram “incidentes cibernéticos contra órgãos de governo” na última sexta (10) e que o governo atua “de forma coordenada para retomada dos serviços”.
Normalização dos sistemas
Questionado sobre a previsão de restabelecimento, Queiroga informou que o novo ataque deve afetar a estimativa anterior de estabilização, inicialmente prevista para ser feita até esta terça (14).
“Eu falei que [seria resolvido] até amanhã, né? Aí, houve esse outro ataque, infelizmente somos vítimas dessas figuras que têm, de maneira criminosa, invadido sistemas. Tentado invadir, né, eles não conseguem invadir, mas tumultuam, atrapalham”.
O primeiro ataque ocorreu na última sexta-feira (10). Usuários do ConecteSUS relataram que os comprovantes de vacinação não estavam aparecendo no aplicativo ou, até, não estavam conseguindo acessar a plataforma. O ConecteSUS é o aplicativo responsável pela emissão do Certificado Nacional de Vacinação Covid-19.
O governo federal chegou a suspender a necessidade de comprovante de imunização para viajantes que chegarem ao Brasil por via aérea e, em caso de ausência do documento, a exigência de 5 dias de quarentena. As medidas, que entrariam em vigor no sábado (11), passariam a valer somente em 18 de dezembro.
No entanto, ainda no sábado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, determinou a obrigatoriedade de comprovante de vacinação para viajantes que chegarem ao país, apesar da impossibilidade de emissão do passaporte de imunização. Segundo o gabinete do ministro, os brasileiros que não puderem comprovar vacinação em razão de ataque a sistemas do SUS devem apresentar um teste PCR negativo e informar que foram vacinados.