Nesta quinta-feira, o ricaço Newcastle visita o Liverpool, às 17h (de Brasília), em Anfield, em duelo pela 17ª rodada da Premier League.
Uma das partidas mais emblemáticas entre essas equipes na história do futebol inglês aconteceu na temporada 1996/97, quando os dois clubes, que estavam na briga pelo título inglês, possuíam timaços e fizeram um duelo inesquecível de sete gols, que terminou com vitória dos Reds nos acréscimos do 2º tempo.
Um dos destaques desse jogaço foi o atacante Faustino Asprilla, ex-Palmeiras e Fluminense, que jogou por dois anos pelos Magpies e atualmente é comentarista dos canais esportivos do grupo Disney na Colômbia.
Em entrevista ao ESPN.com.br, Asprilla recordou a lendária partida, que teve muitas reviravoltas. O Liverpool fez 3 a 0 no 1º tempo, mas, depois do intervalo, o Newcastle buscou o 3 a 3, com um tento do colombiano. Nos acréscimos, porém, Robbie Fowler deu a vitória aos Reds, em resultado que acabou prejudicando os alvinegros na busca pelo título.
“Fizemos dois jogos incríveis contra o Liverpool naquela temporada, e o mais famoso é o que perdemos por 4 a 3, em Anfield. Essa partida infelizmente foi determinante para que a gente perdesse o título do campeonato para o Manchester United na reta final. Acabamos sendo vices”, lamentou o ex-jogador, que pendurou as chuteiras em 2004.
“Buscamos o empate por 3 a 3, que nos dava um ponto precioso, mas levamos o gol no último segundo. Esse ponto que faltou nos prejudicou muito na luta pelo campeonato”, seguiu Asprilla, que, apesar da dolorida derrota, guarda boas memórias do grande enfrentamento contra o gigante de Anfield.
“Esses jogos foram alguns dos mais lindos que fiz na carreira. As pessoas sempre se recordam dele na minha passagem pela Inglaterra. Foram muito parecidos com as partidas que joguei pelo Palmeiras contra o Corinthians, na Libertadores de 2000. Dois grandes jogos, com muitos craques e placares elásticos”, rememorou.
Apesar de não ter sido campeão, o atacante colombiano é lembrado até hoje com enorme carinho na cidade de Newcastle por sua ótima passagem pelo clube, que teve até um famoso hat-trick em cima do poderoso Barcelona, em duelo pela Champions League.
“Eu estava no Parma, da Itália, e fui para o Newcastle em 1995/96, porque o treinador me queria na Premier League. Eu estava em um momento maravilhoso, porque a gente tinha vencido muitos títulos importantes na Itália. Mas era importante para mim dar o salto à Premier League, que já demonstrava naquela época que seria a melhor liga do mundo”, contou.
“Quando cheguei, vi que era um campeonato totalmente diferente do Italiano. Joguei quase dois anos no time fantástico do Newcastle. A gente tinha grandes jogadores e brigava por todos os títulos. Não era como o Newcastle de agora”, ressaltou.
“A gente chegou a liderar a competição, mas, nos últimos cinco jogos, perdemos uma partida em casa, o Manchester United arrancou e perdemos o título nas rodadas finais. Foi uma pena, porque a gente tinha jogadores do melhor nível como David Ginola, Peter Beardsley, Philippe Albert, David Batty, Alan Shearer… Só caras importantes e de alto nível”, exaltou.
E assim como a torcida do Newcastle guarda grandes memórias de Asprilla, o colombiano também só tem palavras carinhosas para os fãs dos Magpies.
“A torcida do Newcastle é impressionante. Sempre acompanham os jogos em casa e lotam o estádio. Nas partidas fora, também mandam muitos torcedores. É uma torcida que merece um time que brigue por títulos. Nunca vi o estádio (St. James Park) vazio, porque sempre esgotam todos os ingressos”, afirmou.
‘Newcastle não pode virar time árabe’
Recentemente, o Newcastle, que vem em má fase há vários anos, se tornou um dos times mais ricos do mundo após ser comprado pelo Fundo Público de Investimentos da Arábia Saudita.
Como ídolo da equipe, Asprillla torce para ver o clube se tornar uma potência no futebol inglês, com grandes contratações chegando para vestir o manto alvinegro nas próximas janelas de transferências.
No entanto, ele pede que os dirigentes sejam criteriosos em suas contratações, optando por atletas na flor da idade ao invés de veteranos em busca de reforçar o pé de meia antes da aposentadoria.
“Eles precisam encontrar um bom treinador e convencer os bons jogadores a atuarem pelo clube. Não será algo rápido. Acredito que vai demorar uns quatro ou cinco anos para que o Newcastle comece a pensar em grandes títulos”, apontou.
“A diretoria tem que escolher muito bem os jogadores que vai contratar. Tem que ser atletas que venham não só pelo desempenho, mas para competir e ganhar. O Newcastle não pode se converter uma equipe do ‘mundo árabe’, aquelas que os jogadores vão para Catar, Arábia ou China para terminar a carreira só pelo dinheiro”, disparou.
“Se for assim, isso não vai dar certo na Premier League. É preciso que os jogadores estejam convencidos a triunfar no Newcastle mais pela camiseta do que pelo dinheiro”, complementou.
Asprilla ressalta, todavia, que, mesmo com o Newcastle possuindo cofres recheados agora, isso não quer dizer que os títulos virão com facilidade.
“Na liga inglesa, até os clubes pequenos são poderosos e podem gastar muito dinheiro. É por isso que cresceu tanto, e por isso também os times menores conseguem tirar jogadores bons de outros países. Eles podem trazer os melhores do mundo com salários extraordinários. Será impossível competir com eles nos próximos 20 anos (risos)”, encerrou.