Tão logo anunciou o investimento a ser feito para se tornar dono de 90% da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Cruzeiro, Ronaldo deixou claro que o discurso adotado seria o de cautela e muito trabalho. Após iniciar as atividades e examinar os contratos do departamento de futebol celeste, a empolgação passa longe e a ordem da equipe de Fenômeno é que cortes sejam feitos durante o processo de transição para garantir a eficiência do projeto.
A meta daquela que foi chamada de “nova política salarial” é clara: redução da folha do futebol em dois terços do valor atual. A ideia é adaptar os vencimentos estabelecidos em vínculos atuais. Quem não topar a ideia terá seu contrato rescindido.
Luxemburgo e reforços em risco
Todos os contratos do elenco estão sendo avaliados. Nem mesmo os reforços já anunciados para 2022 estão garantidos. A renovação de Luxemburgo também será debatida. Do treinador aos jogadores mais baratos do grupo, todos terão que se enquadrar na nova política que visa cortar mais de 66% da folha salarial atual.
Com acerto anterior ao da SAF para gerir o futebol do Cruzeiro em 2022, o executivo Alexandre Mattos foi o primeiro dispensado por Ronaldo por não se enquadrar no perfil estabelecido. Luxemburgo dificilmente terá destino diferente nos próximos meses. Além de um custo considerado alto e incompatível, o experiente treinador não goza de prestígio entre os novos dirigentes que comandarão o Cruzeiro.
Contratos “impagáveis e irresponsáveis”
De acordo com o grupo de trabalho que atua próximo a Ronaldo, somente um choque de gestão deste nível poderá possibilitar o funcionamento das operações. Pessoas que participam diretamente da transição ouvidas pela reportagem do ESPN.com.br classificaram os contratos como “impagáveis e irresponsáveis”.
A ordem é “cortar na carne” em nome de uma responsabilidade orçamentária que, segundo os responsáveis pelo projeto, permitirá o sucesso futuro da empreitada.
Em nome de uma gestão transparente, a ideia do grupo de transição é apresentar todas as informações dessa reestruturação em comunicados semanais para torcedores e opinião pública, detalhando valores e motivos das decisões tomadas. O desafio é explicar que nenhum investimento milionário a médio prazo seria possível ou renderia frutos se um corte inicial não fosse feito.
Diligência em 120 dias e perfil de executivos definido
O processo de duo diligência (investigação de informações de determinada empresa) que fará Ronaldo tomar ciência do cenário no futebol cruzeirense durará 120 dias. Ao final deste período, o Fenômeno decidirá se assinará a compra da SAF celeste. Há a possibilidade de desistência do negócio, mas o grupo do ex-jogador assegura, mesmo com o baque inicial, que tal opção não está nos planos.
Ainda de olho na reestruturação, Ronaldo monitora o mercado atrás de profissionais que se enquadrem no perfil definido pelo grupo: jovens e com formação acadêmica em gestão.
Conforme mostrou o ESPN.com.br na última semana, nomes como o de Alexandre Pássaro, ex-diretor de São Paulo e Vasco, e Fellipe Drommond, presidente do tricampeão mundial de futsal Magnus, foram estudados pelo grupo do Fenômeno.