Um buzinaço, entre Taguatinga e Ceilândia, no Distrito Federal, chamou a atenção dos motoristas, na tarde da última terça-feira (25) e repercutiu nas redes sociais. Em um trajeto de cerca de 8 quilômetros, a técnica de enfermagem aposentada Tânia Lacerda, usou a buzina e latinhas amarradas ao parachoque do carro para comemorar o divórcio.
No vidro traseiro, a frase “enfim divorciada” revelava o sentimento da mulher, de 55 anos. Segundo ela, o casamento – que durou 36 anos – foi um relacionamento abusivo, que precisava chegar ao fim.
“Nem sei como consegui viver tantos anos assim. Quantas vezes passei por situações que minha família nem ficou sabendo”, conta Tânia.
A recém divorciada conta que conhecer histórias de feminicídio foi o que a fez ter coragem para pedir o divórcio. “Nós, mulheres, sempre achamos que o parceiro vai mudar, mas eles não mudam. A gente tem que tomar consciência e buscar nosso amor próprio pra sair desses ciclos de abuso”, diz ela.
Em 2021, a Secretaria de Segurança Pública do DF registrou um aumento de 47% dos casos de feminicídio em Brasília. Foram 25 mortes no ano passado e 17 em 2020.
“Quando eu soube que a justiça autorizou o meu divórcio, minha vontade foi de gritar aos quatro cantos do mundo que consegui sair dessa prisão. Foi uma sensação de liberdade, uma alegria imensa”, diz Tânia.
De acordo com a aposentada, o caminho para decidir a separação foi “longo e de muito sofrimento”. Segundo ela, o primeiro episódio de agressão aconteceu há 20 anos.
“Foi na casa da minha mãe. Ele [ex-marido] pegou um facão e cortou uma porta inteira. Nesse dia eu tive muito medo, e não voltei pra casa. Mas, por questões de dinheiro, acabei voltando depois”, aponta.
“São muitas coisas que acabam prendendo a gente a alguns relacionamentos. Eu me casei em uma época em que o casamento era pra sempre. Pra ver os filhos cresceram, e envelhecer juntos, um cuidando do outro. Mas, com o tempo, eu entendi que só eu estava nesse casamento. Eu sofri muito, e fui perdendo até minha saúde”, conta.
“Agora é vida nova. O pior já passou, é passado”, diz a recém divorciada.
Casos de violência contra mulher no DF
Dados mais recentes da Secretaria de Segurança Pública do DF mostram que, em 2021, foram registradas 16.327 ocorrências de violência doméstica em Brasília. Foram 607 casos de violência sexual.
Para denunciar a violação de direitos, além das delegacias, há formas não presenciais para fazer o registro:
- Denúncia online
- Telefone 197 – opção 0 (zero)
- E-mail: denuncia197@pcdf.df.gov.br
- WhatsApp: (61) 98626-1197
Em casos de flagrante, qualquer pessoa pode pedir o socorro da polícia, seja testemunha ou vítima. Veja telefones abaixo:
- Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM)
Endereço: EQS 204/205, Asa Sul
Telefones: 3207-6195 / 3207-6212
- Ministério Público (MPDFT)
Endereço: Eixo Monumental, Praça do Buriti, Lote 2, Sala 144
Telefones: 3343-6086 e 3343-9625
- Prevenção Orientada à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar
Contato: 3190-5291
- Central de Atendimento à Mulher do Governo Federal
Contato: 180