Fiocruz: 80% dos profissionais da saúde vivem em situação de desgaste

Um estudo feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que 80% dos trabalhadores da saúde, de nível técnico e auxiliar, vivem situação de desgaste devido ao estresse psicológico, à ansiedade e ao esgotamento mental.

A pandemia da Covid-19 agravou ainda mais o quadro dos trabalhadores “invisíveis e periféricos”. A pesquisa, coordenada pela socióloga Maria Helena Machado, analisou 21.480 profissionais, de 2.395 municípios, em todas as regiões do país.

Conforme o levantamento, apesar de já atuarem há dois anos na linha de frente do combate à pandemia de Covid-19, muitos deles nem sequer possuem “cidadania de profissional de saúde”.

“As consequências da pandemia para esse grupo de trabalhadores são muito mais desastrosas. São pessoas que trabalham quase sempre cumprindo ordens de forma silenciosa e completamente invisibilizadas pela gestão, por suas chefias imediatas, pela equipe de saúde em geral e até pela população usuária que busca atendimento e assistência”, diz Maria Helena.

A socióloga analisou que os coletados mostram que esses profissionais são desprovidos de cidadania social, técnica e trabalhista.

“Falta o valioso pertencimento de sua atividade e seu ramo profissional. A pesquisa evidencia uma invisibilidade assustadora e cruel nas instituições. O resultado é o adoecimento, o desestímulo em relação ao trabalho e a desesperança”, lamenta Maria Helena Machado.

Resultados

De acordo com o levantamento, pelo menos 53% dos “invisíveis da saúde” não se sentem protegidos contra a Covid-19 no trabalho. Dentre os motivos mencionados, estão o medo generalizado de contaminação; a falta, escassez e inadequação de EPIs; e a ausência de estruturas necessárias para efetuar o trabalho.

As exigências físicas e mentais às quais esses trabalhadores estão submetidos foram consideradas muito altas por 47,9% deles. Além disso, 50,9% admitiram excesso de trabalho.

Mulheres representam 72,5% do total de trabalhadores escutados. Mais da metade dos profissionais (52,6%) trabalha em capitais e regiões metropolitanas. O estabelecimento de atuação predominante são os hospitais públicos (29,3%), seguidos pela atenção primária em saúde (27,3%) e por hospitais privados (10,7%).

Os resultados da pesquisa também apontam que 85,5% possuem jornada de trabalho de até 60 horas semanais, e 25,6% necessitam de outro emprego para sobreviver.

“Muitos deles declararam fazer atividade extra, como pedreiro, ajudante de pedreiro, segurança ou porteiro de prédio residencial ou comercial, mototaxista, motorista de aplicativo, babá, diarista, manicure, vendedor ambulante etc. É um mundo muito desigual e socialmente inaceitável”, explica a coordenadora do estudo.

Fonte: Metrópoles

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