Postagens no Facebook com alegações de fraude em urnas eletrônicas têm 111 milhões de interações em 15 meses

Levantamento do DAPP-FGV identificou 394.370 postagens em páginas, perfis pessoais e grupos públicos entre novembro de 2020 e janeiro de 2022.

As postagens no Facebook com alegações de fraude em urnas eletrônicas e defesa do voto impresso alcançaram ao menos 111.748.306 interações – curtidas, comentários ou compartilhamentos – entre novembro de 2020 e janeiro de 2022.

Reprodução/TSE

Nova urna eletrônica será usada nas eleições de 2022.

No período, foram 394.370 postagens sobre o tema em 27.840 páginas, perfis pessoais e grupos públicos. Os dados são do estudo da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (DAPP-FGV), que aponta um crescimento das mensagens de contestação eleitoral na plataforma.

Testes realizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com hackers mostraram que o sistema da urna eletrônica não oferece risco à segurança das eleições.

O Tribunal de Contas da União (TCU) e a Associação Nacional de Peritos Criminais Federais (ANPC), que representa peritos da Polícia Federal, também atestaram que a urna é segura.

De acordo com o DAPP-FGV, um dos períodos em que postagens no Facebook sobre o tema ficaram mais frequentes foi novembro de 2020, mês de eleição presidencial nos Estados Unidos.

Os autores do estudo indicaram que o assunto também ficou em alta em julho e agosto de 2021, por conta da discussão sobre a PEC do Voto Impresso e de declarações do presidente Jair Bolsonaro que questionaram a segurança da urna eletrônica.

O ano de 2021 registrou a maior média desde 2014 de postagens e interações por conta em defesa do voto impresso, indicou o levantamento.

Quatro meses de 2021 tiveram maior média de interações em relação a outubro de 2018, mês em que foi realizada a última eleição presidencial brasileira e que, segundo o DAPP-FGV, é considerado um período de referência da temática nas redes sociais.

A Meta, dona do Facebook, afirma que a pesquisa “erra ao sugerir que todos os conteúdos na plataforma sobre esses temas possuem desinformação”.

Diz também que “o estudo ignora a existência de um debate público na sociedade brasileira, durante o período analisado, sobre propostas legislativas em relação ao voto impresso”.

Disseminadores

O estudo apontou ainda que a página da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) no Facebook teve o maior número de interações: 7.961.826 de curtidas, comentários ou compartilhamentos em 1.576 postagens sobre fraudes em urnas eletrônicas, o que equivale a uma média de 5.052 interações por postagem.

Ela foi seguida pela página da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), que teve 6.855.975 interações, e a do deputado Filipe Barros (PSL-PR), com 4.884.829 publicações.

A página do presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, teve a maior média de interações: foram 42 postagens sobre fraudes em urnas eletrônicas para 3.878.011 interações, o que indica média de 92.334 interações por postagem.

g1 procurou Carla Zambelli, Bia Kicis, Filipe Barros e Jair Bolsonaro, mas não houve retorno até a última atualização da reportagem.

Rótulos no Facebook

O Facebook usou na eleição presidencial dos EUA em 2020 um rótulo para publicações de candidatos ou campanhas que questionavam os resultados.

A rede social não adotou o mesmo aviso para o Brasil, mas, desde dezembro de 2021, mostra um rótulo com link para o site da Justiça Eleitoral em postagens sobre as eleições de 2022.

Em nota ao g1, a plataforma afirma que tem equipes “no Brasil e no mundo dedicadas a aperfeiçoar nossas políticas e produtos para lidar com temas como desinformação, discurso de ódio e violência nas eleições”, completa.

Fonte: G1

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