A Executiva Nacional do PSOL decidiu nesta sexta-feira (11) abrir negociações com o PT para apoiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.
A aliança não seria parte da federação partidária — união de partidos para atuar de maneira unificada por um período mínimo de quatro anos — que está sendo negociada entre os dirigentes de PT, PSB, PCdoB e PV.
O PSOL espera compor a lista de siglas que apoiarão Lula já no primeiro turno das eleições de 2022.
Segundo integrantes da sigla, o desejo é fortalecer uma candidatura de esquerda com chance de vencer a corrida ao Palácio do Planalto.
Para formalizar o apoio, o partido quer levar à mesa de discussão uma série de pontos relacionados ao eventual programa de governo do PT.
De acordo com a sigla, a negociação deve ser iniciada no próximo dia 16, com um ato em Brasília que contará com a presença de dirigentes dos partidos. Com a possível aliança, o PSOL pretende participar ativamente da campanha do PT à presidência.
Entre as condições destacadas pelo PSOL estão:
- apoio à revogação das reformas trabalhista e da Previdência, e do teto de gastos;
- enfrentamento à crise climática com medidas para financiar a transição energética;
- defesa de um novo modelo de desenvolvimento da Amazônia e desmatamento zero;
- garantia de direitos aos povos indígenas, tradicionais e quilombolas;
- compromisso com uma reforma tributária, que diminua a taxação no consumo de bens essenciais e populares e crie taxação de grandes fortunas.
O grupo responsável pela negociação é composto por Juliano Medeiros, presidente nacional da sigla; Guilherme Boulos, pré-candidato ao governo de São Paulo; e pela deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ).
Segundo Talíria Petrone, a intenção é mostrar ao PT que o PSOL tem um “papel importante na esquerda brasileira” e que é preciso construir um plano de governo “popular”.
“Essa era uma decisão já esperada por nós. Estamos vivendo um momento muito trágico de ataques à democracia e é importante uma unidade para o campo da esquerda brasileira para reconstruir o país. O PSOL tem um papel importante na esquerda brasileira e acho que o PT precisa escutar o que o partido tem”, disse
Em setembro passado, o PSOL decidiu que não lançaria uma candidatura própria à Presidência. À época, o partido entendeu que era preciso construir uma unidade da esquerda na eleição nacional.
No último dia 2, em entrevista à GloboNews, o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, ressaltou que não é “nem um pouco confortável” a possibilidade de o ex-governador Geraldo Alckmin integrar uma chapa com Lula.
“Ninguém no PSOL vê com simpatia a presença de um governador que foi responsável por políticas de privatização, repressão a greves de professores em São Paulo, repressão a movimentos sem-teto, numa chapa das esquerdas. Posso garantir que não é nem um pouco confortável para os partidos que estão debatendo a hipótese de apoiar o ex-presidente Lula ter o Geraldo Alckmin como vice”, afirmou Medeiros.
Para Talíria, a composição da chapa é parte importante nas negociações, mas não inviabilizará o debate entre os partidos. A deputada acredita que a aliança deve ser fechada “muito em breve”.
“Esperamos em breve instalar esse debate. Vamos começar ainda hoje a montar o planejamento e acreditamos que será bem recebido. Dentro do PSOL, há um desejo de derrotar o atual governo. O que nós entendemos é que onde há a maior chance de fazer isso é na candidatura do PT”, acrescentou.
Federação com a Rede
A direção do PSOL também decidiu nesta sexta (11) prorrogar o funcionamento do grupo de trabalho que discute a eventual participação em uma federação. A legenda avalia a possibilidade desde dezembro passado. Agora, o grupo terá mais 15 dias para as negociações.
De acordo com o PSOL, as negociações estão mais avançadas com a Rede. No entanto, há ainda impasses em relação aos critérios de atuação em campanhas regionais.
A federação de partidos é uma inovação da corrida eleitoral de 2022. É uma associação de dois ou mais partidos para atuar de forma unitária por, no mínimo, quatro anos.
As siglas unidas em uma federação não podem, por exemplo, lançar candidaturas diferentes a governos estaduais ou a prefeituras.