A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, defendeu nesta quarta-feira (16), em reunião com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que os fertilizantes não sejam afetados pelas sanções econômicas internacionais aplicadas contra a Rússia.
O receio de escassez de fertilizantes — ferramenta usada pelos agricultores para aumentar a produtividade do solo — é motivado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que restringiu os fluxos comerciais dos dois países. A Rússia fornece 23% dos fertilizantes importados pelo Brasil.
“Para além dessas medidas, creio que deveríamos excluir os fertilizantes do regime de sanções, a exemplo do que ocorre com alimentos. E as razões são simples: reprimir o comércio desses insumos afeta a produtividade do campo, reduz a disponibilidade de alimentos, reforça tendência inflacionária das principais commodities. E, como consequência final, ameaça a segurança alimentar, especialmente de países mais vulneráveis”, disse a ministra.
Para Tereza Cristina, possíveis sanções relacionadas ao mercado de fertilizantes podem reprimir a produtividade das lavouras e agravar o cenário de fome em todo o mundo.
“É preciso encontrar formas de punir comportamentos específicos de um país sem prejudicar o suprimento mundial de alimentos”, disse a ministra.
Além disso, uma sanção à Rússia poderia pressionar o mercado internacional de fertilizantes elevando o preço dos insumos e, por consequência, dos alimentos.
A ministra tem defendido que, enquanto permanecer a situação de guerra, não há condições viáveis para o Brasil receber fertilizantes da Rússia por conta da dificuldade de pagamento e de transporte.
Evento
Tereza Cristina participou, no início da tarde de hoje, de mesa redonda sobre Insumos para Sistemas Agroalimentares Sustentáveis.
Também estavam presentes: o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Qu Dongyu; a Enviada Especial do Secretário-Geral para os Sistemas Alimentares, Agnes Kalibata; e porta-vozes das pastas da Agricultura de outros países das Américas.
A reunião é mais um aceno da ministra para tentar garantir o abastecimento de fertilizantes no mercado interno durante a guerra na Ucrânia.
De acordo com o Ministério da Agricultura, o Brasil é o quarto consumidor mundial de fertilizantes e importa cerca de 80% do volume utilizado na produção agrícola.
No último sábado (12), a ministra viajou para o Canadá para se reunir com empresários e representantes do governo para tratar da possibilidade de aumentar as exportações de potássio para o Brasil. O material pode ser utilizado na produção de fertilizantes.
Em 2021, o Canadá foi o terceiro maior exportador de fertilizantes, em volume, para o Brasil.