Nesta terça (29), a jogadora brasileira Giovana Queiroz, que pertence ao Barcelona e está atualmente emprestada ao Levante, publicou uma carta aberta ao presidente do Barcelona, Joan Laporta. Nela, a atacante, uma das promessas para a selação feminina, denunciou assédio moral e psicológico, além de perseguições, que viveu desde que entrou no clube.
‘Estimado presidente, não foi fácil chegar a esse ponto. Foram muitos meses de angústia e sofrimento. E, apesar de tudo o que eu passei, me sinto capaz de denunciar as condutas abusivas que sofri dentro do futebol feminino do Barcelona”, começou a atleta.
“Cheguei ao clube em julho de 2020, com apenas 17 anos. Os primeiros meses foram importantes no processo de adaptação. Estava em uma boa dinâmica até que eu recebi a primeira convocação para a seleção brasileira. A partir desse momento comecei a receber um tratamento diferente dentro do clube. Primeiro recebi indicações de que jogar com a seleção brasileira não seria o melhor para o meu futuro dentro do clube. Apesar de ser desagradável, não dei muita importância e atenção ao assunto. Com o tempo, eles usaram outros mecanismos para me pressionar dentro e fora do clube. Me estavam encurralando para que eu renunciasse defender a seleção. Usaram métodos arbitrários com claro objetivo de prejudicar minha vida profissional”, continuou.
Em seguida, Giovana comentou que foi submetida a um confinamento ilegal em fevereiro de 2021 pelos médicos do clube. “Eles me disseram que seria pelo contato com uma pessoa com covid, mas desde o início suspeitos de que os motivos eram outros”, contou. De acordo com a jogadora, o Departamento de Saúde da Catalunha afirmou que ela não precisava estar em isolamento.
— Gio 🇧🇷 (@gio9queiroz) March 29, 2022
“Me acusaram injustamente de haver descumprido o confinamento, de ter viajado sem autorização do clube e consentimentos da capitãs da equipe. Tentei mostrar que isso não era certo. Entrei em pânico. Temi pelo meu futuro. Participei das campanhas da Fundação Barça para a aprovação da lei de proteção de menores contra a violência e ao mesmo tempo, dentro do clube, estava totalmente desprotegida. A partir desse momento minha vida mudou para sempre. Estive complemente exposta a situações humilhantes e vergonhosas durante meses dentro do clube”, seguiu ela.
No desabafo, em espanhol, Giovana contou que, após cumprir a quarentena imposta, a Fifa autorizou que ela integrasse a Seleção Brasileira nos Estados Unidos, com plena consciência do time. “Quando retornei ao Barcelona, eles me chamaram para uma reunião com o diretor do clube. Nessa reunião, fui acusada de cometer uma grave indisciplina e que, portanto, seria afastada da equipe e sofreria graves consequência. Fiquei completamente chocada”.
“Foram situações humilhantes e vergonhosas durante meses dentro do clube. Ficou claro que ele queria destruir minha reputação, minar minha auto-estima, degradar minhas condições de trabalho, subestimar e subestimar minhas condições psicológicas. O fato de ser menor não parece ter sido um impedimento, um dilema moral para meu agressor. Certamente ele agiu com o sentimento de impunidade, que teve a proteção de sua posição dentro do Barcelona”.
Giovana finaliza a carta falando que o Barcelona “não é diretamente responsável pela conduta abusiva denunciada”, mas espera por apoio. “Espero que o Barcelona cumpra com seu papel institucional e atue de maneira consciente e transparente, investigando e denunciado os possíveis delitos às autoridades pertinentes. Também desejo que o clube, através de seu presidente, se comprometa a implementar medidas efetivas para combater o problema evidente e bem documentado do abuso moral, assédio moral e a violência psicológica contra as mulheres”.
Confira a carta completa: