Isabela Cristi Gomes Barros, dona de uma plataforma de investimentos no estilo pirâmide suspeita de aplicar golpes na Região Metropolitana de Belo Horizonte, já teve uma linha própria de cosméticos, vendeu roupas de grife, participou de concurso musical na TV e sonhava em ficar famosa como cantora gospel.
As informações são de Larissa Dias Ribeiro, que foi funcionária de Isabela por quase dois anos.
“De três em três meses ela dava um ‘surto’ de abrir uma coisa nova. Do nada, ela quis abrir uma loja no shopping, depois desistiu e quis vender roupa on-line. Mas, do nada, ela parava. O forte dela mesmo era a I&D Investimentos, as outras empresas eram mais de fachada”, diz Larissa.
Larissa conheceu Isabela porque vendia e fazia propaganda para os produtos de beleza da linha da empresária, chamada “Izahairlife”. Ela trabalhou com a mulher de 2020 a 2021, mas diz que, no final do ano passado, foi informada que não receberia mais o salário e entrou na Justiça contra Isabela.
A investigada, que nas redes sociais se apresenta como Izabela Cristy, chegou a ser finalista de um concurso de artistas gospel em 2020 e já gravou músicas. No Spotify, as canções dela têm menos de mil reproduções.
Aos 28 anos, Isabela é casada com David Robson de Barros, que também é dono da plataforma de investimentos, e tem uma filha.
Ela ostenta uma vida de luxo nas redes sociais, onde tem mais de 80 mil seguidores, e aparece em fotos em passeios em Dubai e nas Maldivas.
Denúncias
Segundo as vítimas, Isabela Cristi Gomes Barros e o marido David Robson de Barros são donos de uma plataforma de investimentos no estilo pirâmide.
Além de artistas, eles também se apresentavam como “traders”. No mercado financeiro, são os profissionais que realizam transações diárias de compra e venda, especialmente na bolsa de valores.
Quem aplicava o dinheiro tinha a promessa de receber muito mais em pouco meses, mas não foi isso que aconteceu.
“Infelizmente hoje caí em um arrependimento e estou sem o dinheiro”, disse um homem que não quis se identificar. Ele investiu cerca de R$ 150 mil no esquema.
Em nota, a Polícia Civil informou que há um inquérito aberto na delegacia de Lagoa Santa contra Isabela Cristi pela prática de estelionato. A corporação não informou por que David Robson ainda não está sendo investigado. Todas as pessoas que se sentiram lesadas devem registrar ocorrência e fazer uma representação.
Outra vítima guardou todos os comprovantes e depósitos que fez pra participar do negócio. No caso dela, a aplicação foi de R$ 23 mil.
“Eu fui recebendo R$ 1 mil, R$ 1,8 mil, R$ 2,5 mil, então eu fui tendo credibilidade na I&D Investimentos. Aí fui chamando mais pessoas, muitos, eu passei ‘carão’ porque muitos falaram, ‘isso é pirâmide’”, disse ela que convenceu cerca de 80 pessoas a entrarem no negócio.
O cliente que entra investe um valor com a promessa de receber um “bônus” sobre os recursos aplicados por pessoas que ele indicar. No Brasil, esta prática é proibida.
Vida de luxo nas redes sociais
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David e Isabela teriam aplicado esquema de pirâmide que prejudicou centenas de pessoas — Foto: Arquivo pessoas/ReproduçãoNas redes sociais, o casal tem junto mais de 120 mil seguidores e ostenta uma vida luxuosa.
A proposta do casal parecia interessante. Investir o dinheiro na empresa e 40 dias depois ter 100% de lucro. Para algumas pessoas, uma promessa ainda maior: 200%, 300% e até 400% de retorno.
Segundo os investidores, até maio do ano passado o pagamento era feito em dia. Depois disso, quem tinha alguma quantia a receber ficou no prejuízo.
Em grupos de redes sociais são pelos menos 300 vítimas que reclamam que não receberam o dinheiro prometido pelo casal. Algumas pessoas já procuraram a polícia. Em um boletim de ocorrência, um homem disse que investiu R$ 12 mil e que não recebeu nada de juros.
Por mensagem, Isabela disse à TV Globo que a empresa está passando por uma auditoria interna para verificar os pagamentos que foram feitos.
Em uma das mensagens, ela afirmou que foi roubada por ex-funcionários. Ela também falou que está sofrendo ameaças, chantagens e que o casal é vítima de uma campanha de difamação.
