A jovem Ingrid Reis, de 21 anos, estava a caminho do curso que frequenta à noite em uma Etec quando foi morta no Centro de São Paulo na noite desta segunda-feira (11).
De acordo com familiares, Ingrid ia passar no bar da família, que fica na região, para buscar uma chave, antes de se dirigir à Etec onde estudava, quando foi baleada. Nesta manhã, o bar amanheceu fechado, com placas com a palavra “Luto” nas portas. Familiares disseram que a estudante era sorridente e educada com moradores e frequentadores do bairro.
A estudante foi atingida no tórax na Rua Vitória, perto da Avenida Rio Branco, por um tiro disparado por um policial que reagiu a um assalto. Um vídeo registrado por testemunhas mostra o policial apontando a arma para um rapaz, que corre. O suspeito, que também foi baleado, teria tentado roubar a moto do policial. Segundo testemunhas, o tenente Carlos Eduardo da Silva Filho, de 23 anos, disparou três vezes.
Além de Ingrid, outra jovem, de 22 anos, também foi baleada. Ela foi socorrida à Santa Casa de Misericórdia e teve alta na manhã desta terça-feira (12). O suspeito do roubo ao agente da Polícia Militar (PM) foi atingido na perna e acabou preso pela Polícia Civil. Daniel Ventura de Lima tem 19 anos e usava uma arma falsa, que foi apreendida, segundo a investigação.
Perfil
Amigos e familiares de Ingrid Reis se mostraram indignados com a morte da estudante na noite de segunda.
A vendedora Ana Paula Araújo disse que Ingrid era uma menina sorridente e conhecida pelos moradores e frequentadores da região.
“Bem sorridente, uma menina alegre que infelizmente foi vítima dessa burrada. Burrada de um cara que é policial, tirar a vida de uma menina tão alegre. É difícil”, disse.
O tio de Ingrid, João José dos Santos, também lamentou a morte da jovem.
“Ela ficava só dentro de casa no trabalho ou no estudo. Eu jamais esperava uma coisa dessa. Morrer por bala perdida na frente de casa”, disse.
O zelador do prédio onde ela morava, que ficava muito próximo ao local onde ocorreram os tiros, disse que a estudante era muito educada.
“Ela era uma pessoa super educada. Se me visse 10 vezes num dia nas 10 vezes ela me cumprimentava”, disse Marco Vieira.
Um comerciante que não quis se identificar disse que, nas últimas semanas, com a migração da Cracolândia para a Praça Princesa Isabel, a região ficou mais perigosa e o movimento nas lojas despencou.
“Eu não aconselho a ninguém ficar com celular na rua aqui, porque tá correndo risco”, disse.
Entenda o caso
Em depoimento aos investigadores, o policial militar Carlos Eduardo contou que estava em sua moto e atirou três vezes na direção do criminoso armado que o abordou no semáforo.
O agente da PM foi detido em flagrante e indiciado por homicídio culposo, aquele no qual não há a intenção de matar, pela morte de Ingrid. A arma dele também foi recolhida para ser periciada. Ele foi solto na noite de segunda-feira (11) após pagar fiança, e responde em liberdade. Segundo fontes do comando da PM, ele deve passar por avaliação psicológica antes de retomar sua função.
O caso foi registrado incialmente no 2º Distrito Policial (DP), no Bom Retiro. O Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) também passou a investigar as causas e eventuais responsabilidades pela morte de Ingrid.