Uma jovem de 28 anos sofreu injúria racial quando brincava com uma criança no playground de um shopping de Campinas (SP). Ao entrar na área com a filha de um amigo, ouviu de outra mulher: “Vamos embora daqui, tá cheio de preto”. A vítima denunciou à Polícia Militar e a agressora foi presa em flagrante.
“Assim que eu entrei, a mulher já se levantou e falou assim: ‘Vamos embora daqui, tá cheio de preto’. […] Eu falei : ‘O que a senhora está falando?’. E ela: ‘É isso mesmo!’ Tá cheio de preto, e preto não gosta da gente”, contou a vítima, a analista de RH Aline Cristina Nascimento de Paula.
O caso foi na noite do último sábado (9) e um vídeo da confusão gerada no estacionamento do Shopping Parque das Bandeiras foi divulgado nesta quarta-feira (13).
O advogado da agressora disse à EPTV, afiliada da TV Globo, que, por enquanto, ela não vai se manifetsar.
Após ver o comportamento da agressora, que conduzia uma outra criança ao se retirar da área recreativa, a vítima, Aline Cristina Nascimento de Paula, questionou a fala da mulher. Neste momento, a agressora teria reafirmado fato de ser racista.
Falei: ‘Senhora, pega o seu filho e vai embora, que a senhora está sendo racista.’ Ela falou assim: ‘É isso mesmo! Sou racista mesmo!'”, contou Aline.
Entenda a diferença entre racismo e injúria racial
Outras pessoas que estavam no local se mobilizaram e a Polícia Militar foi chamada. Seguranças do shopping não deixaram a mulher ir embora.
Os agentes conduziram as mulheres para a 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Campinas. O crime foi registrado como injúria racial, e é afiançável. A agressora, de 34 anos, pagou R$ 1,5 mil e foi liberada.
“A gente sempre ouve, alguns comentários, algumas coisas. E é assim que a gente leva a vida. Deixando passar. Dessa vez, não vai”, desabafou a vítima com a voz embargada.
Em nota, o Shopping Parque das Bandeiras disse que prestou assistência à vítima e reforçou que “não tolera nenhum tipo de discriminação em suas dependências e que possui valores como ética, humildade e transparência”.
O centro de compras informou que criou um Comitê de Diversidade e Inclusão para oferecer palestras, treinamentos e novos processos para que todos os colaboradores saibam atuar em casos como este, ocorrido no sábado.
O que fazer se sofrer esse crime?
O crime de injúria racial está previsto no Código Penal brasileiro e consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem.
É classificado em sitruações que envolvem a honra de um indivíduo específico, geralmente por meio do uso de palavras preconceituosas.
A vítima que sofrer injúria pode procurar uma delegacia e mover, por conta própria, um processo contra o agressor, sem a necessidade de ação do Ministério Público (MP).
Aline disse à EPTV que já entrou em contato com advogado e pretende entrar com uma ação pelo crime de racismo contra a agressora.