A capacidade de garantir apoio e aprovação no Congresso de projetos de interesse do governo federal, e até de blindar contra possíveis processos de impeachment, torna o Centrão um bloco cobiçado pelos dois principais pré-candidatos à Presidência: Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Para os partidos desse bloco, os ganhos são representados pelo acesso a cargos no governo e a recursos públicos. Mas, apesar do objetivo comum, o Centrão não se move como um único bloco. Integrantes do grupo, inclusive, se dividem entre Bolsonaro e Lula.
Cinco legendas que são pilares do Centrão (PL, PP, Republicanos, PSC e PTB) fizeram parte da base dos governos Lula (2003-2011), mas hoje estão fechadas com o atual presidente. Essa aliança é sustentada por líderes como Valdemar Costa Neto, presidente do PL e que trouxe Bolsonaro para seu partido; Ciro Nogueira (PP-PI), ministro-chefe da Casa Civil; o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara; e Marcos Pereira, presidente do Republicanos.
PL, PP, Republicanos, PSC e PTB somam cerca de ⅓ de apoio na Câmara dos Deputados, onde Bolsonaro encontra um ambiente mais favorável.
No Senado, o cenário é outro. Boa parte das figuras antigas que eram aliadas de Lula e que hoje estão na Casa representam uma resistência a Bolsonaro. O movimento ficou ainda mais evidente com o jantar entre Lula e senadores do MDB, em Brasília, na segunda-feira (11).
O partido, ainda com o nome PMDB, foi um dos principais pilares da base dos governos petistas e teve Michel Temer como vice-presidente nas chapas vitoriosas de Dilma Rousseff, em 2010 e 2014. O impeachment de Dilma, no entanto, afastou o partido do PT. Mas figuras como o senador Renan Calheiros (AL) e o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (CE) são alguns dos emedebistas que se reaproximaram e já declaram apoio a Lula.
Aliados de Lula no Senado estão no PSD, outro partido do bloco que apoiou governos petistas, como Omar Aziz (AM) e Otto Alencar (BA). Apesar do apoio a Lula, MDB e PSD também têm integrantes próximos a Bolsonaro e que poderão estar no palanque do presidente nas eleições de 2022 – é o caso dos governadores Ibaneis Rocha (MDB-DF) e Ratinho Júnior (PSD-PR).
Segundo o cientista político José Álvaro Moisés, com o resultado das urnas, o Centrão deverá agir como já fez “inúmeras vezes”. “Definido quem será o governo, eles passam a colocar na pauta, do ponto de vista estratégico, de que modo podem se associar a ele”, disse Moisés à CNN.