Em meio à investigação sobre atuação indevida de pastores no governo, o presidente Jair Bolsonaro decidiu participar nesta terça-feira (19), em Cuiabá, do maior encontro com pastores do país para fortalecer apoios nestas eleições. O convite veio do presidente da Frente Parlamentar Evangélica, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). “Pra nós (o episódio no Ministério da Educação) é página virada. O assunto agora é com Ministério Público Federal e Polícia Federal para esclarecer”, afirmou à CNN.
A Assembleia Geral da CGADB – Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil – reúne mais de 110 mil pastores filiados a igrejas de todo país. Desses, cerca de 15 mil estarão presentes e 95 mil pastores vão participar online. Bolsonaro irá discursar ao público sem tema pré-definido. A presença dele é o que mais conta para os organizadores do evento. “Deverá prestar contas dos anos de governo e dos compromissos com os evangélicos que ele cumpriu. Deve ser esse o tom”, afirma Sóstenes.
A participação do presidente foi confirmada pelo Palácio do Planalto. Apoiadores de Bolsonaro avaliam que o encontro servirá para o presidente renovar as promessas com os evangélicos, que tiveram papel de destaque na composição de votos que elegeram Bolsonaro em 2018. O objetivo é dizer que ainda há o que fazer na pauta religiosa, em uma eventual reeleição, especialmente no que diz respeito à educação e ação social.
No mês passado, uma denúncia de corrupção e tráfico de influência de pastores no governo rendeu a queda do ministro da Educação, Milton Ribeiro. O caso ainda não foi completamente esclarecido. A atuação dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura na liberação de recursos da Educação, mediante supostos pagamentos de propina, foi relevada pelo jornal ‘O Estado de S. Paulo’. Depois, o jornal Folha de São Paulo divulgou um áudio em que o ex-ministro diz que dava prioridade a pedidos feitos pelo pastor Gilmar, a pedido de Bolsonaro.
As revelações repercutiram na Comissão de Educação do Senado, que já ouviu pastores, prefeitos e funcionários do governo. O presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Lopes da Ponte, afirma ter ouvido de um dos pastores a seguinte frase “me ajuda que eu te ajudo”. Oposição e governo divergem sobre a abertura de uma CPI para investigar denúncias no MEC a fundo. A diferença é que os governistas pedem para que casos antigos de governos passados sejam apurados.
Por meio da Advocacia Geral da União, Bolsonaro afirma que seu nome foi usado de maneira indevida pelo seu antigo ministro da Educação, Milton Ribeiro, que também é pastor.