Nesta terça-feira, 26, o programa Morning Show recebeu o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (União Brasil – SP). Em entrevista, ele criticou o indulto dado a Daniel Silveira pelo presidente Jair Bolsonaro. “O deputado se excedeu, a gente tem que preservar a liberdade de expressão e a imunidade parlamentar, mas as declarações dele vão na linha de ameaças e incitações à violência física, e isso não está compreendido na liberdade de expressão. Os órgãos públicos devem ser severamente criticados, mas ameaça e incitação à violência não fazem parte. Do outro lado, um outro erro, o Supremo aplicou uma pena, ao meu ver, desproporcional aos fatos atribuídos ao deputado”, disse. Para Moro, o foco das discussões políticas no país deveria ser a empregabilidade e a crise econômica. “Sou uma pessoa da lei, o que entendo é que essas impunidades são ruins para a sociedade, isso gera uma desestabilização. No fundo, a gente precisa que a economia se recupere. As pessoas querem trabalhar, ter emprego, não querem ficar se preocupando com a situação institucional do país, se tem risco ou não tem risco na democracia.”
Com o fim da Lava Jato, Moro acredita que aqueles que pregavam o combate à corrupção estão sendo perseguidos, citando o ex-procurador Deltan Dallagnol. “Quem combateu a corrupção no passado, hoje está sendo perseguido. É o caso do Deltan, é o meu caso. A gente precisa continuar falando a verdade, não estou defendendo o governo do PT. Quem está investigando esses fatos? Se na época da Lava Jato não tivéssemos autonomia, tudo isso não teria sido revelado”, disse, em crítica ao atual governo federal. O ex-ministro ainda avaliou a aliança entre Jair Bolsonaro e o Centrão, após a filiação ao PL. “Não tem ninguém sendo preso por corrupção no país. Não tem ninguém sendo investigado. Nós temos, sim, que retomar o combate à corrupção, são bandeiras que transcendem o presidente, bandeiras da cidadania”, afirmou. “Dizer que esse governo combate a corrupção quando está abraçado com lideranças do Centrão, inclusive várias no passado que estavam envolvidas em escândalos do Partido dos Trabalhadores, é brincar com a inteligência.”
Recentemente filiado ao União Brasil, o ex-juiz esclareceu sua saída do Podemos e afirmou que a possibilidade de migração partidária já havia sido discutida previamente no partido. “Não quero ficar fazendo críticas ao partido, o fato é que dentro do Podemos, a minha percepção foi de que estávamos ficando isolados politicamente dessa discussão sobre a formação do centro democrático. Meu objetivo sempre foi de romper a polarização”, pontuou. “Foi discutido, inclusive, lá atrás. Houve até rumores lá atrás. Faz parte da política, tivemos uma janela de transferência que estava indo ao final”. Quanto à sua candidatura para as eleições de 2022, Moro deixou em aberto a probabilidade de concorrer ao Senado, mas confirmou a pré-candidatura de Luciano Bivar, presidente do União Brasil. “Não descarto, mas também não posso chegar e colocar uma bandeira. O pré-candidato é o Luciano Bivar, então vai depender dos desdobramentos desse centro político”, concluiu.