Depois de abortar três vezes, mulher teve gêmeos e viverá a experiência do primeiro Dia das Mães

Moradora de Bertioga, no litoral de São Paulo, descobriu a condição de trombofilia e passou por gravidez de alto risco

Silmaria terá o primeiro Dia das Mães depois de três abortos — Foto: Arquivo Pessoal

Uma moradora de Bertioga, no litoral de São Paulo, passou 10 anos tentando engravidar e enfrentou três abortos até finalmente dar à luz a um casal de gêmeos. Em seu primeiro Dia das Mães, neste domingo (8), a operadora de caixa Silmara Kelly Marques, de 35 anos, contou ao g1 que se sente maravilhada e emocionada em passar a data com os seus “bebês milagre”.

Ela lembra que não teve dificuldades para engravidar, assim que começou as tentativas. “Com três anos de casados eu parei de tomar o anticoncepcional e depois de um mês já consegui engravidar”.

As coisas mudaram quando ela foi fazer o primeiro ultrassom e foi informada de que não havia batimentos cardíacos. Segundo Silmara, o médico disse a ela que só havia o saco gestacional e, portanto, teria um aborto espontâneo.

“Na primeira gravidez tive uma trombofilia gestacional. Na segunda vez, foi nas trompas, porém não chegou a desenvolver a trombose completa. A terceira e última vez, eu tive um sangramento e um aborto espontâneo. Por isso precisei fazer curetagem”, explica.

A trombofilia é uma condição que torna o sangue mais espesso e que aumento o risco de abortos durante a gestação. Segundo o Ministério da Saúde, trata-se de uma propensão ao desenvolvimento de eventos tromboembólicos, devido à anormalidades do sistema de coagulação, que predispõem a formação de coágulos no sistema circulatório.

“O último aborto foi há dois anos. Nessa época, o bebê sequer se desenvolveu. Eu comecei a sangrar e fui para o hospital. Quando sai da maternidade, queria desistir de tentar engravidar, mas sabia que não conseguiria”, conta Silmara, que revela, ainda, ter tido dificuldades em encontrar um médico ginecologista que a acompanhasse durante a última gestação.

Em 2021, ao descobrir a quarta gravidez, em um espaço de dez anos, ela começou a tomar injeções que tratam a condição de trombofilia gestacional. “Todos os dias eu aplicava uma injeção, chegou um momento em que precisei tomar duas por dia, devido ao peso”.

Para Silmara, a nova gravidez foi um misto de alegria e medo. “Meu maior trauma era o ultrassom. Sempre que ia fazer o exame, não tinha bebê, nem batimentos. Não tinha nada”.

Apesar dos medos e traumas, a operadora de caixa precisava passar pelo exame para conseguir se afastar do trabalho, uma vez que, durante a pandemia, as gestantes não poderiam trabalhar devido ao risco de contaminação.

“Quando o médico me perguntou se eu e meu marido tínhamos gêmeos na família, já ficamos em choque. Foi a primeira vez que eu escutei os batimentos dos meus bebês”.

No Dia das Mães de 2020, Silmara havia acabado de sofrer um aborto e a empresa onde ela trabalha fez uma homenagem às mães. “Eu comecei a chorar e liguei para a minha mãe. Achei que Deus não queria que eu fosse mãe e que minha hora nunca iria chegar”, desabafa.

Dia das Mães
Este é o primeiro ano em que Silmara passa o Dia das Mães com seus “bebês milagre”. “Deus escolheu a dedo a gente. É muita emoção. Nunca imaginei que eu seria mãe de gêmeos e naturalmente ainda”.

Segundo ela, desde o começo sua gravidez foi considerada de alto risco, pois, além do histórico de trombofilia, havia a pressão alta e o sobrepeso. “Engordei uns seis ou sete quilos durante a gravidez. Assim que engravidei, não pude mais trabalhar. Apesar disso, [a gestação] foi bem tranquila. Não passei raiva e nem nervoso, não deixavam nem eu limpar a casa”, conta.

Durante a gestação, Silmara tomava inúmeras medicações e vitaminas, tudo para que as complicações não atrapalhassem no desenvolvimento dos bebês. Os gêmeos nasceram em uma cesariana após 34 semanas.

“Foi inexplicável. Fiquei sem palavras só de saber que meus bebês estavam comigo. Quando lembro de tudo o que passei, choro de emoção. Já chorei pedindo para Deus por um bebê e Deus me deu dois. Às vezes, nem eu acredito”, desabafa.

Para ela, a maternidade é “maravilhosa” e “inexplicável”. Apesar de terem nascido prematuras, as crianças não precisaram de tratamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, e agora se encontram bochechudas e crescendo cada vez mais, segundo Silmara. Eles estão com dois meses – completam três no dia 18.

Com orações diárias para proteger a família dela, Silmara afirma que a rotina de ‘mãe’ é extremamente gratificante. “Dar banho, trocar de roupa, acordar de madrugada, tudo inexplicável. O que eu estou vivendo ao lado dos meus bebês e do meu marido é maravilhoso”.

Fonte: g1

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