A discussão pela criação de uma liga de clubes do futebol brasileiro tem crescido nas últimas semanas. Dirigentes dos 40 clubes das Séries A e B se reuniram nas últimas semanas, mas um fator tem sido divergência: o dinheiro dos direitos de transmissão.
Enquanto algumas equipes defendem a manutenção do modelo atual, outras pedem que o modelo seja baseado no que é feito nas principais ligas europeias, como Premier League, LaLiga, Bundesliga, Italiano e Francês.
Até o momento, apenas nove clubes assinaram a Libra: Palmeiras, Santos, Corinthians, São Paulo, Flamengo, Red Bull Bragantino, Cruzeiro, Vasco e Ponte Preta. Para a nova liga ser criada, porém, são necessárias as assinaturas dos 40 times das Séries A e B do futebol brasileiro.
Nesta segunda-feira (9), 23 clubes das Séries A e B que não assinaram a Liga do Futebol Brasileiro (Libra) divulgaram uma carta-proposta detalhando o modelo considerado ideal para a criação na nova liga.
Por outro lado, há outros clubes de expressão do país que não assinaram a carta-proposta nem a Libra, como Atlético-MG, Botafogo, Bahia, Internacional e Grêmio.
Pensando no imbróglio entre as equipes em suas reuniões, o ESPN.com.br foi atrás de como funcionam as divisões das cinco principais ligas europeias.
Premier League
O modelo inglês é um dos mais conhecidos: 50% do valor dos direitos de transmissão são distribuídos de forma igualitária entre as 20 equipes, enquanto a outra metade é dividida de acordo com a posição final dos clubes na temporada anterior (25%) e a audiência que cada um dá para as televisões (outros 25%).
Assim, cria-se uma divisão mais igualitária que ajuda no equilíbrio do campeonato. Na temporada passada, por exemplo, o campeão Manchester City faturou pouco acima de 152 milhões de libras (R$ 967 milhões atualmente), enquanto o último colocado Sheffield United embolsou 97,5 milhões de libras (R$ 620,6 milhões). Ou seja, o time de melhor campanha ganha 1,6 vezes do que o de pior arrecada.
LaLiga
Entre os direitos da primeira divisão espanhola, a qual cabem 90% do total do dinheiro obtido com a comercialização – 10% vão para os times da segunda –, a repartição ficou assim estabelecida: 50% em partes iguais para todos os clubes, 50% variável.
Na parte variável, mais critérios de divisão: metade do valor é referente à classificação das últimas cinco temporadas (com quantia progressivo a partir do ano mais recente) e a outra metade ao que foi chamado de “implantação social”, uma fórmula que considera audiência na TV e dinheiro de bilheteria.
Colocando em números: na última temporada, o Barça teve direito a 165,6 milhões de euros (R$ 864,2 milhões na cotação atual), pouco acima dos 163 milhões (R$ 850,6 milhões) do Real, enquanto o que menos recebeu, o rebaixado Huesca, saiu com 46,8 milhões (R$ 244,2 milhões).
Francês
Na Ligue 1, metade do valor é dividido de forma igualitária, enquanto 30% são baseados nas posições dos times na temporada anterior e 20% pela audiência que cada clube dá na televisão.
Como exemplo, em 2019, o PSG recebeu cerca de 59,9 milhões de euros, enquanto o lanterna Metz recebeu 19,1 milhões. Esses valores, porém, aumentaram nas últimas temporadas.
Italiano
A Itália é mais um país que divide metade dos valores de forma igualitária, com 30% sendo distribuídos por desempenho e 20% pelo número de torcedores que cada clube possui.
O desempenho possui uma subdivisão de 15%, pagos pela posição das equipes na temporada anterior, 10% pela média dos últimos cinco anos e mais 5% pelo histórico de cada clube na competição.
Na temporada 2018/19, a Juventus recebeu 85,4 milhões de euros, com o Frosinone com 36,4 milhões.
Bundesliga
Na Alemanha, a divisão igualitária possui uma porcentagem maior que em outros países, com 53%. A performance dos clubes é medida pelo desempenho nas cinco temporadas anteriores e a valorização dos mesmos em 10 anos, representando 42% do valor.
Já 3% são baseados pelo desempenho das bases das equipes e os últimos 2% pelo interesse do mercado.
Na divisão mais recente dos pagamentos, o Bayern de Munique recebeu 72 milhões de euros, com o Arminia Bielefeld recebendo 35,6 milhões.