O aumento de casos de Covid-19 está levando cidades brasileiras a voltarem a obrigar ou recomendar o uso de máscaras em ambientes fechados.
A lista inclui ao menos uma capital, Curitiba, e mais cidades do interior dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná, como Londrina (PR), São Bernardo do Campo (SP), Poços de Caldas (MG) e Canoas (RS).
Em Santa Catarina, órgãos de vigilância epidemiológica emitiram, nesta segunda-feira (23), uma nota reforçando o uso da máscara contra a Covid-19, após alta nas internações de crianças e bebês. Bebês e crianças de menos de 5 anos de idade ainda não podem ser vacinados contra a doença no Brasil.
Algumas escolas em São Paulo (SP) também voltaram a exigir o uso da máscara.
A maioria dos municípios emitiu decretos que obrigam ou recomendam o uso apenas em escolas; outros incluíram, também, estabelecimentos de saúde, transporte escolar ou público e restaurantes.
Especialistas ouvidos pelo g1 lembram que, apesar do fim da obrigatoriedade das máscaras, em março, a recomendação geral de manter o uso continua, principalmente para os grupos mais frágeis, como idosos e imunossuprimidos.
“Na realidade, a gente nunca abandonou as máscaras – as máscaras deixaram de ser obrigatórias, mas existe uma recomendação, em todos os locais, e a gente nunca deixou de recomendar as máscaras para a população mais frágil”, ressalta Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia.
O médico reforça que essas populações devem manter o uso da máscara – especialmente em locais com risco maior de infecção, como os locais fechados ou com aglomerações.
“O que a gente vai ter é reforço de recomendação, principalmente para esses grupos mais vulneráveis, no momento em que você tem essas ondas, esses aumentos de circulação, para proteger essa população de se infectar. No caso dessa população, quando eles se infectam, o risco de complicação é muito alto”, pondera.
Para o geneticista e pediatra Salmo Raskin, do Laboratório Genetika, em Curitiba, as máscaras podem ser a única ferramenta no momento para evitar uma infecção ou reinfecção pela Covid-19.
Isso porque, por enquanto, as vacinas que temos são melhores em proteger contra um quadro grave da doença do que contra a infecção – e outras vacinas, capazes disso, ainda não foram lançadas.
“Eu acho que as máscaras vão ser uma das poucas coisas que as pessoas vão poder fazer nesse período, até que surja, de novo, uma outra vacina. As pessoas não querem mais usar as máscaras, mas elas não terão outra opção”, avalia Raskin.
A epidemiologista Ethel Maciel, professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), reforça a importância do uso das máscaras filtrantes, principalmente porque não sabemos o tempo que dura a imunidade gerada pela vacina – especialmente contra a variante ômicron.
“Não sabemos o tempo de duração dessa nossa imunidade pela vacina. Nós vamos ficar sabendo quando começarmos a ver um aumento de hospitalização em pessoas que tomaram, por exemplo, três doses da vacina”, aponta Maciel.
“Por isso que, enquanto a gente está numa pandemia, ainda é importante falar da necessidade de usarmos máscara, de evitar aglomeração, quando estiver em local fechado utilizar máscaras filtrantes – o que a gente vem falando desde o início”, conclui.