Com a dificuldade do governo federal em encontrar espaço orçamentário para conceder reajuste de 5% para os servidores públicos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem avaliado alternativas para evitar uma maior insatisfação da categoria.
Segundo relatos feitos à CNN por assessores do governo, desde o final de semana, integrantes das equipes econômica e política têm buscado uma solução de meio-termo que permita ao presidente cumprir, nem que seja de maneira parcial, aceno feito ao serviço público.
No Palácio do Planalto, duas opções são citadas por auxiliares presidenciais: a retomada da proposta de conceder aumento salarial apenas para agentes da segurança pública ou a liberação de um elevação do vale-alimentação para os servidores da ativa.
A primeira proposta, para a qual foi reservado um montante de R$ 1,7 bilhão no orçamento deste ano, é avaliada por integrantes do governo como arriscada. Isso porque, apesar de o presidente contemplar um segmento que é considerado um dos pilares de sustentação de seu governo, ela deve causar um desgaste com os demais setores.
Nesta terça-feira (31), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, defendeu o alinhamento de carreiras na concessão de reajuste salarial e cobrou isonomia na recomposição para servidores da instituição, que estão de greve desde o início de maio.
A segunda solução, apesar de seu impacto sobre a renda do servidor ser pequeno, é considerada mais justa diante das limitações atuais. A ideia seria elevar o vale-refeição de R$ 460 para até R$ 700, também utilizando o montante de R$ 1,7 bilhões reservados no orçamento para recompor gastos com pessoal.
Segundo integrantes da equipe econômica, como a alternativa é válida apenas para servidores da ativa, mesmo diante da possibilidade de um novo corte, haveria espaço orçamentário para viabilizá-la.
A expectativa é de que nesta quarta-feira (1) o presidente discuta o tema com integrantes de sua equipe ministerial. Apesar de avaliar alternativas, auxiliares do governo afirmam que, mesmo diante da dificuldade em encontrar espaço orçamentário, o presidente ainda não desistiu de um aumento linear de 5% para o serviço público. Oficialmente, o Palácio do Planalto não se manifestou sobre as propostas.
Na segunda-feira (30), o governo federal definiu um bloqueio de R$ 8,2 bilhões, valor abaixo dos R$ 14 bilhões previstos anteriormente que permitiriam um aumento para o serviço público.