Boris Johnson enfrenta voto de desconfiança no Parlamento e pode deixar o cargo

Pedido de consulta foi feito por parlamentares conservadores, partido do primeiro-ministro britânico. Johnson é contestado por furar lockdown no pior momento da pandemia, no caso chamado de 'Partygate'.

Imagens mostram o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, sem máscara, em festa no gabinete do governo durante o lockdown da Covid-19 em Londres — Foto: ITV News via Reuters

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, deve enfrentar nesta segunda-feira (6) a votação de uma moção de desconfiança no Parlamento britânico, o que pode derrubá-lo do cargo. A moção é uma consulta se os parlamentares confiam que o primeiro-ministro tem capacidade para permanecer liderando o governo.

Johnson é contestado no cargo após meses de escândalos éticos, principalmente sobre festas que quebraram as regras sanitárias em prédios do governo durante a pandemia de Covid-19. O caso ficou conhecido como ‘Partygate’.

O Partido Conservador, mesmo do premiê, conseguiu ativar a votação após 15% dos seus parlamentares apresentarem o pedido. Graham Brady, funcionário do partido, informou que 54 dos 359 parlamentares pediram que a votação fosse feita no Parlamento.

Johnson precisa de 180 votos para permanecer no cargo. Se ele perder, o partido vai precisar escolher um novo primeiro-ministro.

A previsão é de que a sessão do Parlamento para votar a moção desconfiança aconteça entre 18h e 20h desta segunda-feira, no horário local (14h e 16h, pelo horário de Brasília).

‘Partygate’
Conhecido como Partygate – em referência ao caso Watergate que derrubou o presidente americano Richard Nixon em 1974–, o escândalo enfurece os britânicos a tal ponto que apenas 27% defendem a permanência premiê no cargo, de acordo com uma pesquisa feita pela YouGov para a Sky News.

Principal assessor de Johnson, Martin Reynolds mandou em maio de 2020 um e-mail para 100 funcionários de Downing Street, convidando-os a aproveitar o clima bom em uma reunião no jardim da residência oficial do governo.

“Por favor, junte-se a nós a partir das 18h e traga sua própria bebida”, dizia Reynolds em sua mensagem, divulgada pela ITV News.

Na época, as visitas eram proibidas e a maior aglomeração limitava-se a duas pessoas ao ar livre, ainda que a uma distância de dois metros.

Cinco dias antes, o casal participou de outra reunião, com queijos e vinhos, no jardim da residência e na companhia de outros funcionários, conforme mostrou uma foto publicada recentemente pelo jornal “The Guardian”.

Os escândalos fizeram o primeiro-ministro perder apoio entre seus correligionários, como conta a colunista do g1, Sandra Cohen.

Diante do Parlamento, Boris Johnson lamentou o ocorrido: “Quero pedir desculpas. Sei da raiva do povo britânico quando pensam que as regras não são seguidas por aqueles que as estabelecem”.

De acordo com sua versão, ele planejava participar de uma reunião de trabalho no final do dia 20 de maio de 2020, mas descobriu que havia uma centena de funcionários convidados para o evento no jardim de Downing Street, em que cada pessoa podia levar sua própria bebida alcoólica.

O discurso de Johnson não foi convincente o suficiente, ainda mais por este ter sido apenas mais um entre os eventos que ele é suspeito de ter organizado em momentos de proibição.

No total, há a suspeita de que 12 festas tenham sido organizadas em Downing Street burlando as regras de restrição sanitária por conta da Covid-19, de acordo com o jornal conservador Evening Standard.

Fonte: g1

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