O gasto milionário com o São João da capital alagoana, que não está sendo digerido por parte da população, parece não incomodar os vereadores por Maceió. Nesta quinta-feira, 09, alguns edis utilizaram a tribuna para defender a necessidade da realização dos festejos juninos.
O tema foi abordado pelos vereadores após o Ministério Público Estadual propor uma Ação Civil Pública (ACP) contra a realização dos festejos de São João, promovidos pela Prefeitura de Maceió, nos moldes atuais.
Para os vereadores, as festas juninas irão aquecer a economia, valorizando especialmente o comércio informal e o turismo.
Entre os que apóiam os eventos juninos está a vereadora Silvana Barbosa, que se disse surpresa com a a ação movida pelo Ministério Público Estadual. “Já fiz vários pronunciamentos públicos em defesa do São João de Maceió. Esse é mais um. A decisão do MP pegou muita gente de surpresa. Eu entendo a função social e jurídica do órgão em querer averiguar e proteger o destino da verba pública, mas sigo com a ideia de que ser trata de um investimento e que trará retorno para economia da cidade, devendo gerar muitos empregos temporários e renda para a cidade”, disse Silvania Barbosa.
O entendimento também foi seguido pelo vereador Leonardo Dias, que chegou a questionar o fato do MPE tentar impedir a realização das festas juninas em cidades alagoanas, mas não solicitar explicações ao Governo de Alagoas sobre os mesmos eventos realizados com verbas estaduais. “Compreendo a preocupação da doutora Fernanda (Moreira), mas eu entendo a importância da realização do São João. Até estranho que o Governo do Estado possa fazer o São João e algumas prefeituras estejam passando por tanta dificuldade para fazer. O problema foi geral. Não me parece razoável a prefeitura de Viçosa ser impedida, a prefeitura de Maceió sendo ajuizada e o Governo podendo fazer o São João sem ser questionado. Parece que estamos com duas formas diferentes de ver o mesmo problema”, relatou o vereador, mostrando desconhecer o fato de que o MPE já cobrou explicações ao Governo de Alagoas sobre os festejos.
O líder do prefeito JHC na Câmara, Siderlane Mendonça, também defendeu as festividades e aproveitou a oportunidade para anunciar que a Prefeitura pretende isentar os ambulantes da taxa de autorização para trabalhar no São João da capital. “Diante das discussões, entendendo a importância desde período pós-pandemia em que estamos nos mobilizando para ajudar estes comerciantes. Entendendo que o São João não é uma festividade por festividade, mas importante para o aquecimento da economia, geração de renda. Dando a todos os profissionais da música e ambulantes a oportunidade de ganhar o seu dinheiro”, disse.
Chico Filho alegou, em seu pronunciamento realizado de forma virtual, que a gestão do JHC definiu como prioridade a realização do São João e disse que espera que os festejos sejam realizados todos os anos. “Compreendo as pessoas que estão questionando. Muitos municípios não possuem capacidade financeira para sequer cobrir a saúde dos munícipes. Alguns poderiam realizar festas com custos menores no lugar de realizar shows nacionais com gastos exorbitantes. Todos ganhariam. Também entendo aqueles que defendem que os shows nacionais são importantes para trazer publico, fortalecer a economia. Elegemos os representantes e o Poder Executivo está aí para fazer a gestão do dinheiro público. Cabe o MP fiscalizar a gestão deste recurso. Não sei quais os argumentos, mas entendo que cada gestão define a prioridade e neste momento, O JHC definiu a realização do São João como importante. A meu ver, é importante sim para o fortalecimento da economia, comércio informal e turismo. Que não seja só um ano, que seja constante e que possamos planejar este São João com antecedência”.
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A vereadora Neca Nelma, por meio de nota, também se mostrou a favor dos festejos juninos. Porém, defende que seja realizada com gastos menores. Para ela, é grave saber que foi preciso uma investigação do MPE para saber que verbas sairiam da pasta de Infraestrutura. “Desde o anúncio da programação do São João de Maceió me questionei de onde sairia a verba para pagar a programação artística milionária, tendo em vista que nada disso foi previsto no orçamento do município e nunca se anunciou de onde essa verba seria disponibilizada. É muito grave saber que foi necessário o Ministério Público investigar, para que viesse à tona o déficit na Infraestrutura para realização desses eventos. É importante deixar claro, como já afirmei em outras oportunidades, que sou a favor da realização dos festejos juninos. Precisamos debater a real função do orçamento público e elencar prioridades. Não há necessidade de um investimento tão exorbitante em atrações nacionais, quando temos grandes artistas locais e necessidades tão urgentes em nosso município, principalmente na área de infraestrutura. É claro que o lazer é importante e necessário, mas mais urgente é garantir segurança, moradia e dignidade para as famílias que provavelmente seguirão em perigo e desabrigadas no período chuvoso”.
Ao Alagoas24Horas, o vereador João Catunda informou que esteve no Ministério Público na manhã desta quitna-feira, 09, e em conversa com a promotora Fernanda Moreira entrou em consenso quanto ao entendimento do que deve ser feito.
“Não queremos acabar com os festejos juninos, mas queremos que o valor seja reduzido, valorizando mais a cultura local, os artistas da terra. Que a secretaria de cultura use o valor que eles têm em caixa para essa finalidade e que a diferença seja utilizada na melhoria de Maceió, como a estruturação das escolas que estão paradas, no reajuste salarial dos servidores municipais, por exemplo”, concluiu.
A sessão contou com a participação de pelo menos 15 vereadores. Os demais se mantiveram em silêncio sobre o assunto.