Uma médica da UPA de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi acusada de injúria racial. De acordo com o boletim de ocorrência, a vítima é um homem, de 54 anos, que recebeu atendimento no local. O caso foi registrado nesta segunda-feira (20).
A filha do paciente chamou a polícia. Segundo o registro policial, a mulher contou que a médica sugeriu que o pai dela deveria receber “chibatadas” por não tomar a medicação da forma correta. Ainda conforme a mulher, a funcionária teria dito que o problema de hipertensão do paciente está relacionado com a cor da pele dele.
“Tá vendo? Você tem é uma escrava! Você merece tomar umas chibatadas na cara”, teria dito a médica. A frase foi registrada no boletim de ocorrência, a partir do relato da filha da vítima.
A mulher ainda contou que a profissional fez o comentário depois do homem admitir que a companheira separava a medicação para ele, mas que, ainda assim, ele se esquecia de tomar no horário marcado.
A filha do paciente ainda contou que a profissional esfregava a mão várias vezes no braço e, durante a consulta, chamava a atenção pelo fato da pele dela ser branca, enquanto a do paciente era negra.
O paciente confirmou a versão da filha e afirmou que, em dado momento, a médica o chamou de irresponsável por ser negro.
“O senhor é negro e é um irresponsável. Um irresponsável. Você viu quanto estava a sua pressão quando você chegou aqui?”, teria dito a médica, a partir do relato do paciente à PM.
A médica negou. Conforme o documento da PM, a servidora da UPA de Ribeirão das Neves abordou pai e filha para explicar o quadro clínico do paciente. Explicou que o homem não estava tomando a medicação da maneira correta.
A profissional contou aos militares, ainda, que “de maneira científica e técnica”, explicou ao paciente que deveria tomar mais cuidado com os limites da pressão arterial pelo fato de ser negro.
A médica afirmou ainda que sofreu ameaças de agressão por parte da filha do paciente e interrompeu a consulta, se dirigindo a um local seguro. Contou aos policiais que a acompanhante gravou imagens e áudios dela, sem autorização. E que, ainda, teria insuflado outros pacientes contra ela, acusando-a de racismo.
Os militares levaram os envolvidos para registro de Termo Circunstanciado de Ocorrência.
O que diz a Prefeitura de Ribeirão das Neves
Leia as íntegras das notas:
Na segunda-feira (20), o Executivo enviou o comunicado abaixo:
“A Prefeitura Municipal de Ribeirão das Neves, por meio da Secretaria de Saúde, informa que na tarde desta segunda-feira, 20/06, na UPA Joanico Cirilo de Abreu, um desentendimento entre a filha de um paciente que estava recebendo alta e a médica que o atendia gerou um mal estar que está sendo apurado. Importante esclarecer que a Secretaria de Saúde preza pela transparência das informações em todos os seus setores e ambientes de trabalho e qualquer desconforto deve ser esclarecido, uma vez que o bom atendimento é obrigação do setor de saúde de Ribeirão das Neves. Informa, ainda, que todas as medidas possíveis no momento estão sendo tomadas em suas devidas instâncias”.
Nesta terça-feira (21), mandou o seguinte:
“A Prefeitura Municipal de Ribeirão das Neves, através da Secretaria Municipal de Saúde, informa que está apurando os fatos, e que assim que as apurações estejam concluídas, as medidas que o resultado exigir serão tomadas”.
O que diz a Polícia Civil
Leia a íntegra da nota:
“A ocorrência foi registrada como injúria, na tarde de ontem (20/6), e atendida pela Polícia Militar que encaminhou os envolvidos ao Juizado Especial Criminal da Comarca de Ribeirão das Neves“.