Um dia depois da divulgação do seu primeiro registro colorido, o telescópio espacial internacional James Webb revela ao mundo nesta terça-feira (12) uma série de imagens e dados científicos das suas observações iniciais (veja uma das imagens acima e mais fotos abaixo).
Nessa primeira fase de sua missão, o supertelescópio que faz parte de um programa que é liderado pela NASA, em parceria com a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) e a Agência Espacial Canadense (CSA), apontou seus instrumentos para regiões do espaço que foram escolhidas por um comitê internacional de cientistas.
As imagens e os dados divulgados marcam o início oficial das operações científicas do telescópio espacial de US$ 10 bilhões que promete “transformar nossa compreensão do universo”, segundo a Nasa, e mostram duas nebulosas (gigantes nuvens de poeira e gás que pairam no espaço), um exoplaneta gasoso, e um grupo de galáxias a cerca de 290 milhões de anos-luz de distância.
Ontem, em um evento na Casa Branca, a agência americana já havia divulgado a imagem do aglomerado de galáxias chamado de SMACS 0723, a primeira foto colorida feita pelo telescópio espacial.
“Hoje, apresentamos à humanidade uma visão inovadora do cosmos do Telescópio Espacial James Webb – uma visão que o mundo nunca viu antes”, disse o administrador da NASA, Bill Nelson.
O astrofísico Rogemar Riffel, da Universidade Federal de Santa Maria Rogemar Riffel, explica ao g1 que todos esses objetos são bastante conhecidos pela ciência, mas que cada um foi escolhido por um motivo específico.
Nebulosa do Anel Sul
A Nebulosa do Anel Sul (mostrada na imagem que abre essa matéria) por exemplo, também conhecida como nebulosa “Eight-Burst”, não foi escolhida à toa.
“Olhar para essa nebulosa é como se estivéssemos olhando para o futuro do Sol. O Sol vai se transformar em uma nebulosa planetária [uma nuvem de gás em expansão que cerca uma estrela no fim de sua vida] como essa”, diz o pesquisador.
Segundo a Nasa, duas câmeras a bordo do Webb capturaram a imagem mais recente desta nebulosa localizada a aproximadamente 2 mil anos-luz de distância da Terra. E pela primeira vez, devido ao grande nível de detalhes dessa imagem, o Webb conseguiu revelar que a estrela está coberta de poeira.
“O Webb permitirá que a comunidade astronômica mergulhe em muitos outros detalhes específicos sobre nebulosas planetárias como esta, formada por nuvens de gás e poeira ejetadas por estrelas no fim de suas vidas”, afirmou a agência espacial.
Nebulosa de Carina
Por outro lado, a Nebulosa de Carina, por vezes chamada de Nebulosa de Eta Carinae, é o “contrário” da Anel Sul, conta Riffel: ela é uma região de formação de estrelas.
Segundo a agência espacial norte-americana, esta é uma das maiores e mais brilhantes nebulosas do céu, localizada a aproximadamente 7,6 mil anos-luz de distância, na constelação sul de Carina.
“As nebulosas são berçários estelares onde as estrelas se formam. A Nebulosa de Carina é o lar de muitas estrelas massivas, várias vezes maiores que o Sol”, afirma a Nasa.
Exoplaneta WASP-96
Já o planeta fora do Sistema Solar, chamado de WASP-96, também é conhecido. Ele não é um planeta parecido com a Terra, pois é composto por gases, mas é um exemplo de exoplaneta.
Localizado a cerca de 1.150 anos-luz da Terra, ele orbita sua estrela a cada 3,4 dias. Segundo a Nasa, ele tem cerca de metade da massa de Júpiter e sua descoberta foi anunciada em 2014.
Hoje a Nasa divulgou que o James Webb a existência de água, juntamente com evidências de nuvens e neblina, na atmosfera desse planeta gigante.