Uma mulher de 52 anos e sua filha, de 19, foram presas temporariamente pela Polícia Civil na manhã desta terça-feira (12), suspeitas de aplicar o “golpe dos nudes”, em Esteio, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
O pai da jovem e ex-marido da mulher, de 43 anos, também foi preso. Ele, no entanto, já está detido no presídio da cidade por suspeita de participar de um crime do mesmo tipo. Todos os suspeitos são moradores de Nova Prata, a cerca de 150 km de distância Esteio. A operação foi realizada por agentes da Polícia Civil das duas cidades.
Os três suspeitos devem ter a prisão preventiva solicitada. O caso chegou à Polícia Civil através de três denúncias de vítimas do golpe.
O “golpe dos nudes” consiste na extorsão de vítimas que recebem contato nas redes sociais de uma suposta mulher, que mantém conversa por alguns dias e envia fotos sensuais. Após o envio das fotos, uma pessoa entra em contato com a vítima afirmando ser o pai da suposta menina, diz que as fotos são de uma menor idade e ameaça levar o caso à polícia. Em alguns casos, outra pessoa também entra em contato, se passando por autoridade policial. Neste momento, os golpistas solicitam um valor em dinheiro para não denunciar o falso caso à polícia.
“Nos últimos dois meses, essa menina movimentou R$ 600 mil na conta dela. O pai já tem diversos inquéritos e ocorrêcias instaurados pelo mesmo crime, fez vítimas até em São Paulo. E ele continua movimentando milhões de dentro da cadeia”, conta a delegada de Esteio Luciane Bertoletti.
Pai, mãe e filha devem responder pelos crimes de extorsão, com pena de até dez anos de prisão, e associação criminosa, com pena de até três anos. De acordo com a delegada, desde o início da pandemia o número de crimes cometidos por meios digitais, principalmente golpes, vem aumentando.
“Desde setembro do ano passado, prendemos mais de 50 pessoas em Esteio pelo golpe dos nudes. Está que nem os golpes do motoboy e do bilhete premiado, houve um aumento exponencial na pandemia. Explodiu. Eles escolhem a vítima a dedo: alguém com filhos, casado, mais velho, com uma boa situação financeira, emprego fixo ou aposentadoria. Esse tipo de pessoa considera menos prejudicial pagar R$ 5 mil ou R$ 10 mil do que perder a família ou o respeito da sociedade”, explica.
Ainda segundo a delegada, outra característica desse tipo de crime é a baixa taxa de denúncia. Segundo ela, de acordo com o valor movimentado na conta bancária da jovem suspeita do crime, é possível que “nem 5%” das vítimas preste queixa.
“Acreditamos que haja muito mais vítimas, pelo menos 30”, conta.