A Polícia Civil investiga o caso de um adolescente de 12 anos que foi vítima de agressões físicas e estupro coletivo praticado por outros alunos em uma escola pública do estado localizada no Recife. As denúncias foram feitas pela família do jovem, que precisou mudar de cidade por causa de ameaças.
Uma reportagem sobre esse caso foi exibida pela TV Globo na quinta-feira (21), durante o NE1. O nome da vítima não foi divulgado em respeito ao que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Confira o que se sabe e o que ainda falta esclarecer sobre esse caso:
Onde e quando aconteceram as agressões físicas e o estupro coletivo?
Os crimes foram praticados no dia 15 de março de 2022, na Escola Estadual Othon Bezerra de Melo, localizada no bairro do Ipsep, na Zona Sul do Recife, onde o garoto estudava.
Como os crimes eram cometidos?
De acordo com a família da vítima, os agressores eram alunos da escola e iam atrás do adolescente dentro da sala de aula, nos horários de intervalo, já que o garoto começou a não sair por medo.
“Eles entravam, jogavam ele no chão e espancavam ele ali, no chão, para ninguém ver. Chegaram ao ponto de levar ele para o banheiro, né? Aí, botaram arma na cara dele. E foi quando três deles seguraram ele e os outros cometeram o abuso”, contou a mãe do adolescente.
Quem foram os agressores?
O advogado da família, Adalberto Barros, informou que os crimes foram cometidos por outros alunos da escola. “Foi dentro da escola durante o horário de aula e esses alunos chegam até a ser aqueles alunos fora de faixa, que são os que não tem a idade do ano letivo, mas estão cursando”, declarou.
As agressões eram constantes, segundo a mãe do adolescente. “Pediam a ele dinheiro. Queriam dinheiro, a todo tempo dinheiro. E cada vez que ele chegava na escola, que ele não tinha conseguido dinheiro, ele apanhava”, disse.
Como a família ficou sabendo?
A mãe da vítima notou os primeiros sinais da agressão quando viu marcas pelo corpo do adolescente. Como o garoto é atleta, ela pensou que os hematomas tivessem sido causados pelos treinos esportivos.
Durante vários dias, o adolescente fingiu ir para a escola, mas faltou às aulas sem que a família soubesse. Uma pessoa da escola ligou para saber o que estava acontecendo. Foi então que a mãe começou a achar que o filho estava em perigo.
“Ele sempre foi um excelente aluno. Ele é muito estudioso, alegre, brincalhão, divertido, muito comunicativo. E, agora, depois [do ocorrido], ele começou a se isolar, não queria ir para lugar nenhum. Não queria, estava sempre com dores de cabeça, triste”, contou a mãe.
A mudança de comportamento preocupava a família, mas o garoto não se abria. Até o momento em que ele resolveu desabafar com a avó e pedir ajuda, dizendo que iria morrer se voltasse para a escola.
O que fez a escola ao saber do caso?
Segundo a mãe do adolescente, a resposta da escola não foi o que ela esperava. “Disseram que era tudo coisa da cabeça dele. Que nada disso era verdade, que eu não desse importância porque era tudo coisa da cabeça dele”, disse. Por isso, a família decidiu trocar o adolescente de escola.
Quando a família do adolescente procurou a polícia?
A mãe do adolescente prestou queixa por ameaça e estupro de vulnerável na Delegacia de Crimes contra Criança e Adolescente (DPCA), no bairro da Madalena, na Zona Oeste do Recife, no dia 13 de abril. A família, traumatizada e com medo das ameaças, decidiu se mudar para outra cidade.
Em nota, a Polícia Civil informou que “o inquérito policial será remetido para a Delegacia de Polícia de Atos Infracionais da Criança e do Adolescente, pois durante as diligências foi constatado que os suspeitos do ato são adolescentes”.
O que fez o Conselho Tutelar ao saber do caso?
O Conselho Tutelar do Recife afirmou que teve conhecimento do caso no dia 12 de abril, quando a mãe da vítima, junto com o advogado, procurou a instituição, “onde relataram o caso de violência psicológica e sexual sofrida pelo adolescente na escola”.
O adolescente foi encaminhando aos serviços de saúde, educacional e acompanhamento familiar bem como aos órgãos da rede de proteção para as medidas cabíveis ao caso: DPCA, Ministério Público de Pernambuco e Vara de Infância e Juventude, conforme informado pelo Conselho Tutelar no texto.
O que diz o governo do estado sobre o caso?
Por meio de nota, a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco contou que a direção da escola teria tomado conhecimento do caso no dia 18 de abril durante uma reunião convocada pelo Conselho Tutelar.
O governo do estado também declarou que a gestão da escola prestou depoimento no início de julho e que está à disposição para ajudar na investigação da polícia.
“A Secretaria de Educação reitera o compromisso com a cultura de paz no ambiente escolar, onde todo e qualquer tipo de preconceito é inadmissível. Em caso de violência, os estudantes são orientados a informar aos professores e a gestão da escola, que fazem escuta ativa e tomam as medidas cabíveis para sanar o problema”, disse, no texto.
Alguém foi preso ou apreendido?
Questionada pelo g1 sobre a prisão ou apreensão dos envolvidos nesse caso, a Polícia Civil respondeu que “mais informações não podem ser repassadas no momento”. A corporação também não informou se o inquérito foi concluído e não divulgou quem já foi ouvido até o momento.