Bruno Krupp deixa hospital e segue para presídio por morte de adolescente no Rio de Janeiro

Modelo chegou à 16ª DP na noite do sábado (6) para assinar documentos e seguiu para unidade prisional no inquérito em que é investigado por dolo eventual pela morte de João Gabriel Cardim Guimarães, de 16 anos, no sábado (30).

O modelo e influenciador digital Bruno Krupp, de 25 anos, deixou o Hospital Marcos Moraes, no Méier, na Zona Norte do Rio, neste sábado (6) e seguiu para uma unidade prisional no Rio.

Reprodução / TV Globo

Bruno Krupp deixando a delegacia no Rio

Inicialmente, ele era esperado para prestar depoimento na 16ª DP, na Barra da Tijuca, sobre o acidente de trânsito no qual matou um adolescente de 16 anos, mas, por causa do horário em que daria entrada no sistema prisional, foi liberado desse trâmite passando na delegacia apenas para assinar documentos relacionados ao caso.

A ida de Krupp para o presídio se deu após contradições encontradas nos laudos do Hospital Marcos Moraes, onde estava internado, e que o liberava para cumprir prisão preventiva em uma unidade prisional, e o laudo do médico Bruno Nogueira Teixeira, contratado pela família do modelo e que solicitava seus cuidados em uma UTI.

Com a divergência, o delegado Aloysio Berardo Falcão de Paula Lopes, adjunto da 16ª DP (Barra da Tijuca), abriu um novo inquérito para investigar Bruno Nogueira Teixeira por falsidade ideolófica e fraude processual. Ele deve ser ouvido no início da próxima semana.

Krupp também deve ter sua oitiva marcada em sede policial para falar sobre o atropelamento do jovem João Gabriel Cardim Guimarães, na Avenida Lúcio Costa, na Barra, na Zona Oeste da cidade, no sábado (30).

Inicialmente, o modelo seria ouvido como testemunha, mas, com a morte de João Gabriel na madrugada do domingo (31), e com a descoberta de que Krupp dirigia sem carteira e em alta velocidade, as características do seu inquérito mudaram.

Ele passou a ser investigado por dolo eventual e teve sua prisão preventiva decretada no dia 3 de agosto.

“Não foi o bastante que tivesse sido parado pelos agentes da Lei Seca. Ser pego na situação já descrita não teve qualquer efeito didático. Ao contrário, adotou conduta mais ainda letal, acabando por tirar a vida de um jovem que estava acompanhado de sua mãe, ressaltando-se que Bruno não é um novato nas sendas do crime”, destacou a juíza Maria Izabel Pena Pieranti sobre o fato de Krupp ter sido parado três dias em uma blitz.

 

Novo vídeo do acidente

Um novo vídeo gravado por câmeras de segurança mostra a moto pilotada pelo modelo Bruno Krupp atingindo o adolescente João Gabriel Cardim Guimarães na orla da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, no sábado (30). O jovem de 16 anos morreu.

Pela imagem é possível João acompanhado da mãe, Mariana Cardim de Lima, atravessando a Avenida Lúcio Costa fora da faixa de pedestre, a poucos passos do calçadão. Com o impacto, a perna do jovem foi amputada na hora e arremessada a 50 metros à frente do acidente, no gramado entre o calçadão e a areia da praia.

João Gabriel chegou a passar por uma cirurgia no Hospital Municipal Lourenço Jorge, mas não resistiu. Ele era filho e neto único, e morava em Realengo.

Bruno pilotava em alta velocidade numa via cujo limite é de 60 km/h e estava sem habilitação, mesmo após ter sido pego em uma blitz três dias antes do atropelamento. Uma testemunha afirmou que ele estava a mais de 150 km/h.

Outras testemunhas disseram que o influenciador digital de 25 anos tem o costume de pilotar em alta velocidade.

“Ele é conhecido, todo fim de semana passa aqui. Aquelas motos barulhentas, passa aqui voado, às vezes passa aqui, e quando a gente olha ele já está bem longe”, relatou um quiosqueiro que viu o acidente do sábado.

Perícia para aferir velocidade

A moto de Bruno Krup, uma Yamaha 2021/2022 sem placa, foi apreendida após o atropelamento — Foto: Alba Valéria Mendonça / g1A moto de Bruno Krup, uma Yamaha 2021/2022 sem placa, foi apreendida após o atropelamento — Foto: Alba Valéria Mendonça / g1

Na quinta-feira (4), uma nova perícia foi feita na moto do modelo. O objetivo dos investigadores é descobrir qual era a velocidade da moto no momento do atropelamento.

Os peritos disseram que o freio da frente está intacto e funcionando, mas para testar o freio traseiro precisariam da chave da moto. E que, como o local do atropelamento foi desfeito, a chave apresentada na delegacia não é a original.

Os agentes vão tentar uma chave reserva com a fábrica.

A moto usada por Krupp já pertenceu a outra pessoa. Em maio desse ano, houve uma transferência de propriedade para o nome do modelo.

O modelo e influencer Bruno Krupp — Foto: Reprodução/TV GloboO modelo e influencer Bruno Krupp — Foto: Reprodução/TV Globo

Deboche de blitz

Bruno Krupp debochou da blitz da Lei Seca na qual foi parado três dias antes de atropelar e matar o adolescente João Gabriel. Nos stories do Instagram a que o g1 teve acesso, Bruno primeiro postou uma foto, com a legenda “Hoje me fodi”, e depois fez um vídeo.

Em tom irônico, Bruno comentou:

“Na moral, mano. Eu amo Lei Seca. Eu amo. Amo. Já é?! Vamos ver qual vai ser o desenrolado da melhor forma, demorou?! Tamu junto… Os dois lados da pista. Vem, amor, vem brincar, vem brincar. Vambora!”

Nessa blitz, Bruno se recusou a soprar o bafômetro e recebeu multas por pilotar a moto sem placa nem habilitação.

Bruno está sob custódia policial em um hospital particular na Zona Norte do Rio pela morte, por atropelamento, do jovem João Guilherme.

A Justiça do Rio expediu um mandado de prisão contra o modelo, que responde por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar.

Ao contrário do que afirmou nesta quarta-feira (3) o advogado de Bruno Krupp, o modelo e influenciador não tem habilitação para pilotar motos.

“Ele só não tinha habilitação ainda porque o Detran, salvo engano, já tinha aferido a carteira dele. Ele só não tinha pego a carteira ainda”, disse William Pena, que representa Bruno, na porta do hospital.

A TV Globo apurou que o modelo nem sequer fez a prova prática do Detran para motos. Bruno apenas foi aprovado no exame teórico e ainda precisava cumprir a carga horária mínima de aulas de pilotagem nas ruas.

William Pena, advogado de Bruno Krupp  — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1 Rio William Pena, advogado de Bruno Krupp — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1 Rio
Fonte: g1

Veja Mais

Deixe um comentário