PMs acusados de matar jovem com câncer passam a responder por lesão

Juiz desclassificou homicídio para outro crime com pena mais branda por dizer que vítima deixou abordagem andando

Goiânia – Dois policiais militares acusados pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) de matar o jovem que tinha câncer, em decorrência de abordagem em Goiânia, passaram a responder na Justiça por lesão corporal seguida de morte, e não mais por homicídio. Familiares de Chris Wallace da Silva, de 24 anos, disseram que vão recorrer contra a decisão que beneficiou os PMs.

A decisão é do juiz Eduardo Pio Mascarenhas e foi publicada na última sexta-feira (19/8). O magistrado entendeu que os PMs Bruno Rafael da Silva e Wilson Luiz Pereira de Brito Júnior não tiveram a intenção de matar Chris Wallace.

Com a desclassificação do homicídio simples, que tem pena de 6 a 20 anos de prisão, os militares agora respondem a processo na Justiça por lesão corporal seguida de morte, que tem pena mais branda, de 4 a 12 anos.

“Chama atenção o fato de a vítima Chris Wallace da Silva e Marcos José Martins Vidal terem deixado a abordagem policial andando, não havendo indicação de comprometimento neurológico da vítima nesse momento”, afirmou o juiz, na decisão.

Em seguida, o magistrado continuou: “Entendo que, se houve intenção homicida, os réus desistiram de prosseguir nesse intento, tanto que teriam oportunidade de prosseguir na execução de eventual homicídio, contudo não o fizeram”.

A defesa da família do jovem informou que vai recorrer da decisão no Tribunal de Justiça.

Abordagem policial

Chris Wallace foi abordado e espancado com socos, chutes e pancadas de cassetete pelos policiais, em 10 de novembro do ano passado. A perícia atestou que ele teve traumatismo na cabeça por espancamento, contusões no abdômen e nos pulmões.

Os PMs ficaram presos em presídio militar por cinco meses, entre 10 de dezembro de 2021 e 11 de maio deste ano. O Ministério Público pediu a prisão preventiva no momento que fez a denúncia por homicídio, para que eles não ameaçassem testemunhas do processo, que optaram por falar em sigilo.

Chris Wallace da Silva tinha saído de casa para ir a uma distribuidora de bebidas comprar refrigerante, no Residencial Fidélis. Na rua de casa, ele foi abordado e agredido pelos PMs, segundo a investigação.

Por causa da gravidade dos ferimentos, o jovem precisou ser internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI), mas não resistiu e morreu seis dias depois.

Câncer nos ossos

Segundo a família, ele lutava contra um câncer nos ossos, chamado mieloma múltiplo, há cerca de 10 anos. O boletim de ocorrência conta que o rapaz teria dito aos PMs que tinha câncer e pediu para não ser agredido por causa da saúde fragilizada. Contudo, conforme o inquérito, a agressão continuou.

A mãe contou ainda que o filho chegou em casa e correu para o banheiro, onde teve crises convulsivas e vomitou sangue. Uma ambulância foi chamada pela família e levou o rapaz ao hospital.

Fonte: Metrópoles

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