Um dia depois de ter sua candidatura barrada pelo TRE-RJ, os eleitores do Rio de Janeiro ainda viram o horário leitoral gratuito com a presença do ex-vereador Gabriel Monteiro nesta quinta-feira (1º).
Com o indeferimento do registro da candidatura por 6 votos a 1, Gabriel Monteiro não poderá usar recursos públicos, terá que devolver o que já foi destinado a sua campanha e está proibido de fazer campanha na propaganda de rádio e de TV.
Procurado para falar sobre o assunto, O TRE-RJ informou que a “Secretaria Judiciária ainda não realizou a intimação de Gabriel Monteiro acerca da tutela de urgência (liminar), deferida na sessão de ontem pela Corte, que determinou a proibição de recebimento de recursos públicos de campanha e do uso de espaço do horário eleitoral”.
“Não se alegre a minha inimiga com a minha desgraça. Embora eu tenha caído, eu me levantarei. Embora eu esteja morando nas trevas, o Senhor será a minha luz – Mq 7:9”, disse postando um trecho da Bíblia para na sequência se manifestar.
Ex-vereador vai recorrer ao TSE
Na noite da quarta-feira (31), depois da sessão do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, que determinou o indeferimento da candidatura de Gabriel Monteiro para o pleito de 2022, o ex-vereador se manifestou sobre o assunto em suas redes sociais.
“A decisão de impugnação cabe recurso! Serei o Deputado Federal mais combativo. Irei honrar cada voto de vocês”, disse ele que também teve o mandato cassado na Câmara do Rio este mês.
Também na sessão desta quarta, os desembargadores entenderam que o ex-governador Wilson Witzel (PMB), que sofreu impeachment e se candidatou ao Governo do Estado do Rio, também não vai poder fazer uso de recursos públicos na campanha e nem aparecer no horário eleitoral.
Mandato cassado
No dia 18 de agosto, a Câmara Municipal do Rio cassou o mandato de vereador de Gabriel Monteiro (PL) por quebra de decoro parlamentar. O ex-policial militar e youtuber é acusado de assédio sexual, forjar vídeos na internet e de estupro de vulnerável.
Dos 50 votos possíveis na Câmara, 48 foram pela cassação de Gabriel, e dois pela não. Esses votos couberam ao próprio Gabriel e ao vereador Chagas Bola.
O clima da sessão foi semelhante ao de um estádio de futebol, com torcidas prós e contrárias ao youtuber.
Faixas e cartazes foram colocadas no local para manifestar a opinião das galerias. Do lado dos apoiadores de Gabriel, faixas como “Gabriel Monteiro guerreiro brasileiro” e “Contra a máfia do reboque” podiam ser lidas. Já o lado dos manifestantes a favor da cassação de Gabriel Monteiro, uma grande faixa dizia: “Vereadores, imaginem se fosse a filha de vocês“.
Relembre as denúncias
Ex-funcionários do vereador Gabriel Monteiro relataram episódios de assédio moral e sexual, agressões físicas e afirmaram que alguns de seus vídeos postados em redes sociais foram forjados.
As denúncias foram feitas em uma reportagem do Fantástico, exibida no dia 27 de março. No mês seguinte, a TV Globo teve acesso a novas denúncias de estupro contra o parlamentar. Três mulheres diferentes, com histórias parecidas de relacionamentos consentidos que acabaram em violência.
Em maio, o vereador Gabriel Monteiro passou à condição de réu depois que a Justiça aceitou a denúncia feita em abril pelo Ministério Público (MPRJ) por filmagem feita por ele de relações sexuais com uma adolescente.
O MP narra que os dois trocaram mensagens e que, em determinado momento, Gabriel convidou a adolescente para ir à mansão dele, num condomínio de luxo na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.
Também de acordo com a promotoria, passados cinco meses desde o primeiro encontro, o parlamentar usou o próprio celular para filmar a adolescente enquanto eles tinham relações sexuais.
Ainda em abril, Gabriel Monteiro foi alvo de uma operação da Polícia Civil para investigar justamente o vazamento de vídeos íntimos com uma adolescente.
Réu em outro processo
No final de junho, o MPRJ também denunciou o vereador por importunação sexual e assédio sexual. No dia 5 de julho, a Justiça aceitou a denúncia e Gabriel também se tornou réu nesse processo.
Nesse caso, a investigação apurava os possíveis crimes de assédio sexual e importunação sexual contra a ex-assessora do parlamentar Luiza Caroline Bezerra Batista, de 26 anos.
Na denúncia, a promotora Lenita Machado Tedesco cita que a ex-assessora era constantemente constrangida a participar de vídeos modificados, “não podendo deles reclamar”, uma vez que era ameaçada de demissão.