Após sete meses, família questiona morte de jovem com tiro na cabeça

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Thayanne Kamilla Almeida Melo Freitas

Thayanne Kamilla Almeida Melo Freitas tinha 27 anos e uma vida inteira pela frente. No início deste ano, a família da jovem recebeu a triste notícia de que Thay, como era conhecida entre amigos e familiares, tinha tirado a própria vida. A notícia caiu como um meteoro entre os que a amavam e levantou diversos questionamentos sobre a real causa da morte.

Para os amigos e familiares, Thayanne Kamilla era uma garota alegre, cheia de vida e estudiosa. A bacharel em Direito, concurseira e cristã ativa na comunidade onde congregava, seria incapaz de cometer suicídio. Por volta do meio-dia de 24 de fevereiro, a jovem morreu após ser atingida com um tiro na cabeça dentro de seu apartamento, localizado na Avenida Jorge Montenegro de Barros, na Santa Amélia. Guarnições da Polícia Militar, que estavam em patrulhamento pela região, estiveram no local bem como a unidade do Samu USA 04, que constatou o óbito. Ela apresentava uma lesão por arma de fogo na região frontal esquerda e morreu antes de receber atendimento médico.

Após o crime, os peritos da Polícia Científica (Polc) realizaram os levantamentos no local e coletaram material residuográfico nas mãos de Thayanne e de seu esposo. No entanto, já se passaram sete meses e o caso ainda não teve desfecho, deixando margem para vários questionamentos.

A advogada Vanessa Correia, que representa a família de Thayanne Almeida, contou ao Alagoas24Horas que o suposto suicídio pegou todos de surpresa já que a jovem encerrou uma conversa por telefone com uma amiga às 11h53 e sua morte foi constatada dez minutos depois. “A família quer a verdade, não quer que fique dúvidas. Ela conversava com uma amiga ao telefone, encerrou a chamada às 11h53 e ao meio-dia o esposo dela ligou para família avisando que ela tinha se matado. Após a situação, todo mundo passou a se questionar. O laudo aponta que o tiro atingiu o lado esquerdo da cabeça, mas ela era destra. Várias pessoas estiveram no local. Ela não estava só quando morreu. Além disso, após a perícia inicial, o local foi liberado e foi limpo. Então, são vários questionamentos”, informou.

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Thayanne Kamilla em uma das últimas postagens feitas nas redes sociais antes de sua morte

Ainda segundo a advogada, o inquérito sobre a morte da jovem segue estagnado no 25º Distrito Policial devido à morosidade da perícia em liberar os laudos já que um dos principais exames, o residuográfico, não foi concluído pelo fato do equipamento usado estar quebrado. “Queremos que o inquérito caminhe. No dia da morte, os peritos coletaram material das duas mãos de Thayanne e de uma das mãos do esposo. Há sete meses, o equipamento utilizado para realizar o exame residuográfico está quebrado e por conta disto não foi concluído. Fizemos ainda alguns questionamentos à perícia e queremos que os requerimentos sejam respondidos. O inquérito está estagnado, precisamos de resultados e eles não estão vindo. Devido ao tempo, não sabemos também como o material está sendo armazenado e quanto tempo pode esperar para que seja uma prova idônea”, disse a advogada.

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Vanessa Correia explicou ainda que a jovem, que estava a um relacionamento há nove anos, passava por um processo de separação, mas ninguém da família sabia. “No dia da morte, a recepção do esposo de Thayanne foi avisar a tia, que a criou, que eles estavam se separando. Ninguém sabia da separação. Isto causou inquietação. Nas redes sociais dela não há nenhum indício de que eles estavam em crise, sempre com várias declarações. Inclusive, a última postagem dela, em janeiro, foi de uma viagem do casal. O casamento foi lindo, cinematográfico. E de repente ela acabar com a própria vida de forma abrupta?”, questiona a representante legal da família da vítima.

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Postagem feita pela jovem Thayanne Kamilla

Correia informou ainda que um inquérito policial foi aberto contra o esposo da jovem, que é cabo da Polícia Militar, após Thayanne ter sido exposta nas redes sociais após sua morte.

“Ela não era depressiva nem fazia uso de medicamentos controlados como o esposo falou posteriormente ao caso. Para tomar este tipo de medicação, precisa se consultar com um psiquiatra e ter receita médica. Não há registro de consulta médica nem de receita com o CPF dela em farmácias de Alagoas. Então, isto é mentira. É de conhecimento público, já que ele mesmo usou a ‘caixinha de perguntas’ de uma rede social para falar sobre o assunto, que ele a traía e realizava orgias com colegas de farda. Ele relatou ainda que ela teria tirado a própria vida por não se conformar com a situação. A postura dele causou crise de choro à mãe de Thayanne, que ficou desesperada com as declarações. Então fomos até à delegacia e registramos um boletim de ocorrência, pois ele estava maculando a memória de Thayanne”, explicou Vanessa Correia.

Campanha

Na semana passada, familiares de Thayanne iniciaram uma campanha pelas redes sociais pedindo celeridade no inquérito policial. O movimento começou a ganhar força após o esposo de Thayanne aparecer em um vídeo nas redes sociais realizando um ‘treinamento’ com fuzil dentro do Centro Educacional de Pesquisas Aplicadas (Cepa). Nas imagens, o homem aparece usando até um colete à prova de balas e um cinto que parece ser para cartuchos de munição. O PM estaria de folga e decidiu, por conta própria, fazer um treinamento.

 

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Card Justiça pela Thay

Depois deste fato, mensagens estão sendo amplamente divulgadas pelo Instagram pedindo resposta para os laudos inconclusivos e perícias não realizadas.

“Queremos respostas. O inquérito transcorre como suicídio e está sendo investigado pela equipe do delegado Alcides Andrade. É doloroso para a mãe de Thayanne ter que reviver a todo momento sua morte, repassar detalhes. Queremos apenas que o inquérito seja concluído”, concluiu a advogada.

Nota Polícia Científica

A Polícia Científica do Estado de Alagoas informa que o equipamento utilizado para realizar exames residuográficos encontra-se na etapa final de manutenção, com previsão de retorno às atividades nesta semana.

Em relação ao caso específico, da morte de uma jovem no bairro da Santa Amélia, o Instituto de Criminalística informa que só se pronunciará ao término dos exames e conclusão dos laudos para não atrapalhar as investigações.

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