A Polícia Civil de São Paulo procura desde segunda-feira (27) Thiago Brennand Tavares da Silva Fernandes Vieira, que aparece num vídeo agredindo a modelo Helena Gomes depois de discutir com ela numa academia, em 3 de agosto.
O caso foi revelado no mês passado pelo Fantástico. Além disso, ele é investigado por suspeita de ter feito mais 11 vítimas: estuprado ao menos mais nove mulheres e de ter obrigado três delas a tatuar as iniciais do seu nome: “TFV”. E ainda de ter agredido dois homens (saiba mais abaixo).
O empresário de 42 anos é considerado foragido da Justiça desde que sua prisão preventiva foi decretada na última sexta (23) a pedido do Ministério Público (MP). Além disso, foi determinado que a Polícia Federal (PF) inclua o nome e foto dele na lista de procurados da Interpol, a Difusão Vermelha da polícia internacional.
A prisão foi decretada por que ele descumpriu decisão judicial e não se apresentou para entregar seu passaporte no prazo de dez dias determinado, que venceu na sexta passada. Thiago viajou no dia 3 de setembro para Dubai, nos Emirados Árabes. Segundo sua defesa alegou à época, ele voltaria ao Brasil em 18 de outubro. Seus advogados
Ele embarcou no avião antes de a Justiça aceitar a denúncia do Ministério Público e torná-lo réu pelos crimes de crimes de lesão corporal e corrupção de menores no caso da aluna da Bodytech. A Promotoria também o acusa de incentivar o filho dele, menor de 18 anos de idade, a ofender a mulher, de 37 anos.
Apesar de o mandado de prisão contra Thiago estar com a polícia paulista, ele só poderá ser preso após o período eleitoral, que começou na segunda e termina 48 horas após o término do primeiro turno das eleições, no domingo (2). De acordo com a lei, nenhum eleitor pode ser detido nesse prazo, exceto se for em flagrante por algum crime.
Delegado-geral
Em entrevista nesta quarta-feira (28) ao g1 e a TV Globo, o delegado-geral Osvaldo Nico Gonçalves confirmou a informação de que Thiago é procurado.
“Ele já é considerado foragido da Justiça. Estamos com nossas equipes trabalhando nas ruas, tentando localizar Thiago Brennand em São Paulo e no Brasil”, disse Nico. “Apesar disso, se o encontrarmos só poderemos prendê-lo a partir de terça [6] por causa da lei eleitoral.”
De acordo com o delegado-geral, a Polícia Federal também procura Thiago. “O nome dele vai entrar no banco de dados, vai pra Interpol”, falou Nico. A última informação de que as autoridades têm é de que o empresário não voltou ao Brasil após viajar aos Emirados Árabes.
Após a repercussão, Thiago foi expulso da academia. O g1 não conseguiu localizar os advogados dele para informar se o empresário voltou ao Brasil.
A Justiça também proibiu Thiago de frequentar academias e de se aproximar de testemunhas. Ele ainda não foi interrogado. Na decisão da prisão dele, o empresário é acusado ainda de ameaçar uma promotora, enviando e-mail para ela. Numa das mensagens, o homem reclamava que o nome dele havia sido grafado de maneira errada.
“É uma sensação de alívio saber que a Justiça está sendo feita. E vê, né, que isso esta acontecendo, me ajuda a provar e mostrar pra todas as outras vítimas que elas estão aguardando esse tipo de resultado, e eu acho que isso daí é só o começo para que elas, realmente, sintam a força que precisa pra que continue”, disse Helena, nesta quarta, em entrevista ao Jornal Hoje.
Mais 11 vítimas
O Núcleo de Atendimento à Vítima de Violência (NAVV) do Ministério Público começou a ouvir na segunda as 11 novas vítimas que acusam Thiago de crimes. Entre elas estão nove mulheres que disseram ter sido estupradas pelo empresário. Sendo que três falaram que ele as obrigou a tatuarem as iniciais dele em seus corpos.
Os casos acima teriam ocorrido entre 2021 e este ano em Porto Feliz, no interior paulista, onde o empresário tem residência num condomínio de alto padrão. Entre as vítimas, estão mulheres que o conheceram pelas redes sociais ou pessoalmente e tiveram algum contato ou relacionamento com ele.
Mulher relata agressões e diz ter sido obrigada a tatuar iniciais de empresário: ‘É um monstro’
Além das mulheres, ao menos dois homens acusam o empresário de agressões. Um foi um enfermeiro de um hospital na capital; outro um garçom de um hotel em Porto Feliz.
Um vídeo obtido pelo g1 mostra a confusão. A vítima contou ao Fantástico que estava saindo de moto do trabalho quando cruzou com o carro de Thiago, que o agrediu.
Defesa x acusação
Desde o início da repercussão do caso, a defesa de Thiago tem negado as acusações de que o empresário agrediu Helena dentro da academia e de que incitou seu filho a xingar a aluna. Em entrevista ao Fantástico, o empresário chegou a alegar que fez “uso comedido da força” quando puxou os cabelos da aluna.
“O vídeo com a Helena, que é uma coisa onde você vê um camarada como eu fazendo uso comedido da força. Não há um tapa, não há uma lesão. A mulher não sofreu uma lesão. Colocaram uma foto de um chumaço de cabelo, uma pantomima. Um chumaço de cabelo. É evidente que o empurrão gerou nada. O que houve ali foi uma contenção e uma resposta certeira. E faria absolutamente tudo de novo”, disse o empresário ao programa da TV Globo.
De acordo com a Justiça, Helena passou a ser perseguida por Thiago depois que ele pediu o número do telefone dela na academia e a convidou para sair para jantar. Como ela não aceitou, o empresário a destratou e a agrediu.
“Neste momento, ele me deu um empurrão. Além dele empurrar daquela forma, ele foi falando vários palavrões”, contou a modelo também em entrevista ao Fantástico. “Ele falou: ‘Vou cuspir em você porque você merece’. E cuspiu em mim.”
Durante as investigações, a Polícia Civil apreendeu acessórios para armas de Thiago dentro de uma mala em um armário dele que fica no Centro Equestre do Condomínio Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz.
Uma perícia irá apontar se os equipamentos estão legalizados. Logo após a operação, o Exército suspendeu o certificado de registro de CAC (sigla para colecionador de armas, atirador e caçador desportivo), que permitia a Thiago ser colecionador de armas.